Internada no HGI, Luzinelia da Silva, de 51 anos, faleceu enquanto aguardava ambulância que viria de Salvador para resgata-la e conduzi-la até uma UTI no município de Itaberaba, como estabeleceu serviço de regulação do Governo da Bahia
O modo sério mas divertido de fazer notícia viu-se obrigado a ceder lugar à indignação. O programa matutino Hora da Verdade, no ar há mais de uma década nos 91,1 da Ipiaú FM, ouviu de seu âncora, Marcelo Silva, a narrativa que alternou dor e revolta.
“Que a prefeita Maria das Graças continue lutando, pelo amor de Jesus Cristo, para que Ipiaú tenha vagas de UTI”,
apelou Marcelo, no final do desabafo que contou o drama dos últimos dias de vida de sua madrasta, Luzinélia da Silva Evangelista, de 51 anos, que faleceu neste último 26 de abril, no Hospital Geral de Ipiaú, enquanto aguardava uma ambulância do serviço de regulação da Secretaria de Estado da Saúde da Bahia – Sesab.
A ambulância, equipada para essa modalidade de remoção, partiria de Salvador com destino a Ipiaú, para levar Luzinelia até a cidade de Itaberaba, onde ela seria internada numa UTI para Covid-19, num hospital privado do município, mas que presta serviços a Sesab.
Por aí, o primeiro registro de revolta de Marcelo: “Uma pessoa que já estava aqui, desde sexta-feira, já se sabia da necessidade de UTI. No sábado, entrou na regulação. A ambulância, que se conseguiu no domingo, teria que vir de Salvador, rodar mais de 400 km, para chegar em Ipiaú, pegar um paciente, para rodar mais 250 km para Itaberaba. Isso é de uma irresponsabilidade sem tamanho”, avaliou o radialista.
De acordo com ele. ela foi internada no Hospital Geral de Ipiaú na sexta-feira (23), quando foi apontada a necessidade de ser removida para uma UTI. Com a colaboração do vereador Orlando Santos (PP), no domingo (25), ela conseguiu ingressar no serviço de regulação e seria destinada a essa unidade hospitalar de Itaberaba.
“A regulação saiu 11 da noite de domingo. Na segunda-feira, às 10h, não tínhamos nenhuma perspectiva ou informação, de quanto sairia uma UTI ambulância equipada para remoção”,
conta Marcelo Silva.
Ele diz não entender por que não existem centrais regionais de ambulância. No caso da região onde está o município de Ipiaú, poderia funcionar em Ilhéus, Itabuna ou Jequié. E sobre Jequié, o radialista conta que, inicialmente, tentou uma vaga no Hospital Geral Prado Valadares, mas não havia vaga. E ai, ele questiona. “O que você ouve dizer é que 80% das UTIs estão ocupadas. E os outros 20%? Porque tanta demora?”.
Para Marcelo Silva, foi sonegado a sua madastra o direito de lutar pela vida, porque ela não teve acesso a um leito de UTI.
“Foi uma pessoa que ficou mais de três dias aguardando uma regulação, uma vaga de UTI, para ficar tentando lutar pela vida dela. Será que ela se salvaria?”, observa ele.
Luzinelia foi casada com Antonio Sena Silva por 34 anos, o Tonho Ceplac, como é conhecido o pai de Marcelo. E ele diz ser grato ao que ela pode influenciar na sua criação.
Ela faleceu nesta última segunda-feira, de 26 de abril. Pelo que explicou o radialista em seu programa, ainda por sequelas derivadas da infecção pelo Covid-19, que ela havia curado. Ela tinha comorbidades como hipertensão e diabetes.
“O que Governo do Estado está fazendo no enfrentamento desta pandemia já levou muita gente para a cova. Estou expressando aqui porque aconteceu com uma pessoa muito próxima, uma pessoa que participou da minha criação”, revolta-se Marcelo Silva, nos áudios que você pode ouvir na íntegra abaixo.
Rede2D - Redação
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