O urbanista ipiauense arquiteto ipiauense traz um importante alerta para o grau de dependência financeira da economia de Ipiaú: 56% do PIB depende de programas assistenciais e previdenciários do governo federal
Elson Andrade é arquiteto, urbanista, empresário e pós graduado do Instituto de Economia da Unicamp
Há tempos, venho alertando a população de Ipiaú a cerca do crescente grau de dependência econômico-financeira: 56% do PIB municipal depende de transferências vindas do Governo Federal.
Lembrando que aqui não está afirmando que o erro seja do Governo Federal. Alias, isso não se deve ao fato desse ou daquele governante ou partido da vez, no exercício do poder, na chefia da União. Maioria desses recursos se trata de transferências constitucionais obrigatórias, e/ou direitos adquiridos pelos cidadãos.
IPIAÚ QUADRO DO TRABALHO E DA RENDA | |
Salário médio mensal dos trabalhadores formais [2021] | 1,8 salários mínimos |
Quantidade de Pessoas Ocupadas Economicamente [2021] | 5.861 pessoas |
Percentual da População Ocupada [2021] | 12,75 % |
Percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo [2010] | 45,7 % |
Composição da Música [Vozes da Seca] de Zé Dantas, interpretada por Luiz Gonzaga, o rei do Baião.
Seu doutô os nordestino têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão
Mas doutô uma esmola a um homem qui é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadãoÉ por isso que pidimo proteção a vosmicê
Home pur nóis escuído para as rédias do pudê
Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê
Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê
Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage
Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage
Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage
Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corageSe o doutô fizer assim salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação!
Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão
Como vê nosso distino mecê tem na vossa mão.
A baixa produção local tem levado a economia de Ipiaú, ao longo dos últimos anos, a perder posição no ranking nacional e consequentemente, o PIB municipal tem caído substancialmente, relativamente.
Comparativo do PIB local x Nacional |
PIB IPIAÚ |
R$ 569 milhões (2021) |
PIB per capita Ipiaú |
R$ 12.373,92 70% inferior a média nacional (2021) |
PIB per capita Média Nacional |
R$ 42.247,52 (2021) |
O IBGE aponta a crescente desigualdades regionais na formação do PIB per capita. Enquanto a média nacional era de R$ 42,2 mil, no Nordeste tinhamos R$ 21,5 mil, seguido pelo Norte, com R$ 29,8 mil. As demais regiões estavam acima da média, com destaque para o Centro-Oeste, com R$ 55,7 mil. O Sul figurava com R$ 51,3 mil; e o Sudeste, R$ 52,5 mil(2021).
Oximoro gritante, para uma cidade que tem como slogan – “Cidade do Desenvolvimento”. Ou seria: DEZenvolvimento? dado aos perrengues na hora de validar o Cadastro Único junto as prefeituras, quando e onde, costuma dá algum “problema”. E é justamente nessa hora, que surge um sussurro nos ouvidos no cidadão-eleitor: – Procure seu vereador ou a secretária X, que resolve. Dando a entender se constituir ali, uma dívida eleitoral.
A conta da previdência, de forma perigosíssima, só está aumentando… Vamos ver até onde a porca vai aguentar. No caso de Ipiaú, há cerca de 4 mil carteiras de trabalho assinadas e 11 mil beneficiários pendurados no INSS e PBC. Isso, num país em que estamos com a matriz da produção da riqueza nacional, muito dependentes e baseadas nos orçamentos públicos, dos três níveis de governos (União, Estados e Municípios) juntos, são os responsáveis por cerca de metade do PIB nacional. Viramos uma espécie de Economia predominantemente Estatal/assistencial.
O assistencialismo conta com fácil redistribuição da renda, direta e indireta, porém, o modelo em si, aparentemente, tem foco-viés clientelista político partidário, perigosamente dependente do piconalta da vez.
No curto prazo, ajudar as pessoas a sobreviverem, e tudo de bom; porém, no médio e longo prazo, não ajudam no desenvolvimento econômico da cidade e do país como um todo.
Acredita-se que mais valia, o modelo estimular a economia produtiva a gerar riqueza fruto do trabalho e da produção de bens e serviços, como a China tem feito, do que derramar rios de dinheiro via política assistencial estatal. Afinal, não se come ou veste, dinheiro escritural.
Enquanto isso, é crescente o arroxo fiscal, quando a RFB desenquadra muitas microempresas do simples e a tributação dobra neste segmento. Será o fim do simples Nacional? Será que tirar de Francisco para doar a Chico, através do partido X, resolverá a questão fundamental da ocupação e do suprimento das demandas reais da população?
Gráfico: Participação/peso dos Pagamentos de Beneficiários de Ipiaú 2023
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Gráfico: Evolução dos Pagamentos aos Beneficiários de Ipiaú 2023