Série Economia Política: O Dinheiro como expressão da violência dominante estatal sistêmica
Elson Andrade é arquiteto, urbanista, empresário e pós graduado do Instituto de Economia da Unicamp.
O ser humano não pensa, compara! E a riqueza é uma percepção subjetiva, comparativa, e não absoluta ou lógica, cognitiva e racional!
Logo, o conceito e satisfação de riqueza é, fundamentalmente, advinda da cognição comparativa, intuitiva do sujeito. Como ele “sabe” quanto é rico? Comparando-se com o seu vizinho, funcionário ou cunhado, por exemplo?
Para que você leitor consiga se transportar para um tempo que tudo isso ainda estaria embrionário e, portanto, muito mais fácil da compreensão, imagine que há centenas de anos viviam na nossa região tribos selvagens primitivas. E que elas sobreviviam “naturalmente” em violentas batalhas, em disputas, uma a tomar a riqueza produzida pela outra (“natural” sequestro da produção alheia).
Lembrando que o cérebro humano, intuitivamente, busca sempre o menor esforço a lhe garantir do melhor resultado individual. Dado ao instinto de sobrevivência animal.
Admitamos que o propósito e sentido daquela vida-época era: – Uma tribo, para se dar bem, deveria tomar a riqueza umas das outras. Assim, a vencedora se sentiria a mais rica, segura e poderosa da região. Uma espécie de zona de conforto-segurança, na conquista da prevalência, no topo da cadeia alimentar.
Agora, imagine que a tribo de Jequié – (por exemplo – fosse a mais forte de toda a nossa região. É óbvio que essa tribo seria, consequentemente, (naquele modelo e época característica) a tribo mais rica de toda a região. Tudo baseado no uso da força e da violência característica da época-modelo.
No entanto, DEPOIS DA INVENÇÃO DO DINHEIRO, Jequié não precisou mais se valer das batalhas corporais com uso de armas para saquear nossa produção de riqueza. Seja para tomar a nossa produção de mandioca, cacau ou para levar embora consigo as nossas mais belas jovens formosas.
Na Era do Dinheiro, sendo Jequié a tribo mais forte, bastava Jequié imprimir dinheiro e vir aqui trocar (tomar) as nossas riquezas pela via financeira. Apenas duma forma, agora digamos – mais elegante (alguns diriam, mais civilizada). Mas ainda assim, (num olhar antropológico-efetivo) não se pode negar a permanente violência implícita, com fito na opulência própria, de Jequié; mascarada na elegância do noviço modelo monetário imposto, eminentemente IMPOSTOR!
A pergunta é: – E por que raios, deveríamos pacificamente entregar as nossas riquezas e moças para Jequié, sem protesto, em troca de papel pintado?
A resposta é:
– Porque sendo eles os mais fortes da região (potencialmente mais violentos), a moeda deles seria “bem aceita” em Ubatã, por exemplo. Logo, era só uma questão de REPRODUZIR O MODELO e tomar (trocar) a riqueza e moças dos ubatenses, no usufruto dum sistema de passa-repassa, ou melhor, com base na Teoria da Fila, (sustentamos o modelo hoje, na esperança de amanhã, chegar a nossa vez).
Muito bem, colocado o pano de fundo com exemplos próximos e familiares, passemos agora ao fundamento do artigo.
Quanto aos verdadeiros motivos e lógica por trás da 1ª. e 2ª. guerras mundiais; joguem fora todas aquelas explicações estatais, oficiais, superficiais e fajutas, (adestradoras sistemáticas estatais) que a sua professora lhe contou lá no primário.
Naquela época e ainda hoje, o que de fato estava acontecendo na Europa e consequentemente nos EUA é que todos (cada país) queria ser o Jequié do pedaço. Ou seja, EMITIR MOEDA SEM TER QUE TRABALHAR. Produzir e, portanto, arrancar a riqueza e moças, uns dos outros. Relativamente favorável à parte, em detrimento do todo.
Percebeu a violência escondida por trás da Moeda e Força Bélica explicita de um país-economia?
Se me permitam o parêntese e imagens abaixo, isto também é válido para as disputas entre as classes sociais, locais! (O dinheiro é a mais cínica expressão da violência, justificado pela doutrina do direito, poder econômico, orquestrados e dissimulados pela política “maior” estatal). Cabresto disciplinar, com uso da força real e iminente do poder de polícia e monopólio da violência, ostensiva de plantão, cujo soldados “voluntários”, sequer sabem a quê, e, a quem servem.
Ao tratarmos de política monetária mundial maior, esqueça, jogue fora a comparação de forças objetivas daquele seu deputado, vereador da sua cidade. Sabe de nada “inocente”. E sabendo ou não, estes, nada podem neste sentido, nível e circunscrição. Quem entender, entendeu, quem não entendeu ainda a alma humana, só nascendo de novo, como diria o grande mestre! Mestre, que se voltasse ao mundo hoje, certamente seria novamente crucificado e tachado de comunista.
Aqui e agora, não se trata da política “menor” local. Da criação de dificuldades para venda de facilidades, com ganhos por dentro e por fora, na venda de versões políticas dos fatos cotidianos, que comumente acontece diuturnamente nas redes sociais, rádios, sites e TVs e principalmente, nos legislativos locais e/ou nacional.
Há quem inclua nesta trama, o judiciário e a Maçonaria. Não! Estamos tratando da ponta da pirâmide, do olho que tudo vê, (cada vez mais digital) da dissimulada e “invisível” arquitetura financeira imposta ao mundo. Mais presente e determinista na sua vida, do que um simples cidadão comum, possa imaginar.
Quer uma prova? Responda o que justificaria historicamente (simultaneamente) senão, o cumprimento de uma tarefa dada aos exércitos de toda a América Latina, na década de 60, a missão de criar uma boa desculpa e inferir na organização político-econômica-financeira dos seus respectivos países e implantar os tais e noviços Bancos Centrais como modelo-cume-resultante da captura da riqueza regional produzida, via contabilidades financeiras em apropriação do poder violento da titularidade do dinheiro escritural-exponencial, capaz de sequestrar não apenas as nossas moças mais belas, mas até a produção mineral de toda uma região.
Sem dúvida, as duas guerras foram tratadas nos bastidores entre os players mais fortes da época. Que não se chegando a um “acordo”, ou seja, deixar claro quem seria na época o mais violento-poderoso. Daí, tudo acabou culminando num ringue de dois rounds (as duas guerras mundiais).
Até que um “acordo”, assinado em 1944 numa cidadezinha dos Estados Unidos, homônima de Bretton Woods, nome dado ao “acordo”, onde as nações aliadas (grupo de países que lutou contra o Eixo) acertaram as bases que regeriam, dali em diante, a política econômico-financeira global após a Segunda Guerra Mundial, tendo o DÓLAR COMO A MOEDA DE CONVERSÃO PADRÃO TRANSNACIONAL COERCITIVA (curso forçado). Daí em diante, os EUA da América passaram a ser comparativamente ao nosso exemplo, o “Jequié-tribo-primitiva” da vez, no mundo.
Privilégio imposto e perfeitamente aceito até então, em prerrogativas ao “único” xerife mundial, os EUA. Cambaleante EUA, que cada vez mais se vê ameaçado pelos emergentes gigantes: China, Rússia, Índia…
A Venezuela, diferentemente do Brasil, que passou a não mais ceder seu petróleo para ser subfaturado localmente, processado e agregado valor nos EUA (ou onde eles bem quiserem), foi excluída da mesa comercial, no jogo mundial. Clivagem percebida em distinção, que quanto mais a Venezuela imprime dinheiro em quantidade, mais valor unitário perde, chegando ao absurdo da hiperinflação de mais de um milhão por cento ao ano.
Em verdade em verdade, esta é a mais importante regra (disputa) imposta na era do atual capitalismo “mundial”, já a beira do abismo global. Para se fazer negócio no mundo, obrigatoriamente, “tudo” ainda tem que ser convertido em dólar americano, ou o país herege será tachado de terrorista, comunista, ditador… (como gostam de intitular adesivamente os dicotômicos simplistas e/ou beneficiários do sistema).
Os demais adesistas não beneficiários não passam de cegos “tolos” apaixonados, papagaios dum dissimulado sistema a eles incompreendido corretamente. (Seja comprado, alugado ou tolo adesista mesmo).
A encomenda da CIA-EUA, para que houvesse na década de 60 a implantação de Bancos Centrais, via regimes autoritários militares intervencionistas pontuais, em toda a América Latina. Sem dúvida, foi um caso de expansão, sedimentação e estratificação operacional do noviço sistema imperial, neocolonial financista, imposto. Contabilidades estatais, locais, para apropriação e incorporação hierárquica da riqueza, camada a camada (país a país) até o valor chegar e ser incorporado, no topo da velada pirâmide.
Se fizéssemos as contas da quantidade de riqueza americana versus a chinesa, numa suposta moeda internacional, isenta de verdade, a China sem dúvida, dado a quantidade de bens e serviços daquele emergente país, já seria a nação independente, mais rica do mundo atual.
E esta é sim a maior disputa político-econômica da nossa Era. O resto é dissimulação em versões novelísticas, ideológica-infundadas, comercial midiática de cada dia, para distração dos tolos-sabichões de plantão. Como vinha dizendo a quase um século, calçado em sua sabedoria sertaneja, meu pai: – É que neste mundo tem besta para tudo! Seguindo a clareza e ensinamentos do mestre Nelito, acrescento, no caso brasileiro; tratar-se da maior indústria que já fomos capazes de produzir “naturalmente”: – Adesistas ideológicos infundados, tolos-sabichões de plantão. E agora na era digital-tribal então?
Os americanos querem ter sozinhos o poder-direito de imprimir dinheiro (sem inflação) sem ter que trabalhar, poder comprar o que bem quiserem no mundo (se apropriando “legalmente” da riqueza alheia), movimentar capitais livremente pelo mundo, sem haver contestação. Se alguém não quiser, diriam veladamente os xerifes do mundo: – Eu tenho aqui no meu quintal e posicionada em diversas partes do mundo, (no Brasil inclusive) o maior arsenal bélico mundial e uma fábrica de mentiras midiáticas, vírus de laboratórios, ideológicas, prontas, mapeadas digitalmente, georreferenciadas, prontas para serem acionadas de forma dirigida, pontualmente, contra os hereges… Como indagaria o “rico” e filho duma pensionista mexicana, (D. Florinda) o Kiko, ao Chaves: – “Vai encarar?”. E ainda ameaçaria: – “Te arremesso essa bola quadrada na tua cara”. Tendo como espectadores, sem espanto algum, o povão dando risada, inertes e vacinados, do sofá dos apartamentos, de forma incompreensiva do contesto e da perversa lógica do velado e violento sistema estrutural armado em plena operação.
Lembrando que quanto mais caro o dólar, mais pobre ficamos perante o mundo dolarizado. Logo, nossos minérios, petróleo, níquel, mão de obra, serviços, cacau… Automaticamente, passam a valer menos, e, precisamos portanto, aumentá-los em quantidade real, para se chegar ao mesmo resultado inicial, no escambo global.
Em tempos apocalípticos, sugiro aos mais astutos, assistirem aos vídeos abaixo, como reflexão complementar a leitura.
Para ver este e outros artigos desse mesmo naipe, abra no site, a aba ECONOMIA POLÍTICA e leia e releia (a qualquer tempo) vários outros artigos que tratam do nosso desenvolvimento local microrregional.
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