Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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Vão se revelando graves os erros por omissão e ação da prefeita e da Prefeitura de Ipiaú

Depoimentos da comunidade vítima das inundações, de vereadores da base da prefeita e de especialistas mostram que erros se deram na prevenção e na mitigação dos danos

Começa pela estranha fuga do protagonismo. É a prefeita Maria das Graças Mendonça (PP) – e ninguém mais além dela – que deve capitanear, diretamente, todas as ações envolvendo o socorro as vítimas das inundações deste final de ano de 2022 em Ipiaú.

Mas não vem assim acontecendo. Ao contrário, parece distante e inacessível. Um grupo de moradores, sobretudo do Bairro Nova Conquista, precisou peregrinar e rogar à Câmara de Vereadores de Ipiaú para serem ouvidos pelo poder executivo municipal.

O caminho haveria que ser o inverso. Ela tem a obrigação institucional de procurá-los e ouvi-los. São essas mesmas vítimas, enquanto contribuintes, que honram, mensalmente, o pagamento de R$ 20.251,04 de salário para a Prefeita.

Na sessão extraordinária de ontem pela manhã (4), o vereador Robson Moreira (PP), presidente da Câmara, definiu que vai buscar, para às 19 horas de hoje (5), uma audiência pública com a participação da prefeita e sua staff.

Se agrava com as falas de dois vereadores de sua base. Milton Costa Cruz (União Brasil) – o Picolé – disse. "Eu falei com Dona Maria. Dona Maria, tem pena daquele povo, vai lá", relata, narrando o episódio de uma senhora que vem, sucessivamente, tendo prejuízo quando as chuvas se intensificam em Ipiaú.

Se atesta o pecado por omissão no discurso de outro aliado, o vereador Lucas de Vavá (PSD), que culpa diretamente a prefeita e isenta de toda responsabilidade o seu secretário de Urbanismo, Henrique Romano.

"Ela não dá sustentação ao Secretário. Eu passei por aquela pasta ali e faltava tudo: enxada, carro-de-mão, pá. As vezes eu comprava do meu", assegura Lucas, que esteve secretário de Urbanismo – durante um período – da primeira gestão da Prefeita Maria das Graças Mendonça (PP). Assista a íntegra.

Além deles dois, foi enfático e incisivo o presidente Robson Moreira, que tem residência no Bairro ACM. "A gente não pode ficar brincando, gente. São muitos anos de lamento, chega. Hoje alaga o ACM com muito pouca chuva, não tá dando vazão. A drenagem feita ali foi mal feita", afirmou, durante a sessão de ontem.

E assim vai se pontuando a gestão Maria das Graças como diretamente responsável, por omissão e ação, pela gravidade dos danos das inundações, de 2021 e 2022, em Ipiaú.

Nova Conquista
Em Jequié, até lei já foi criada, como diz o texto de post nas redes sociais. "A Câmara aprovou do Projeto  Renda Forte Jequié que irá atender demanda de comerciantes do Centro de Abastecimento Vicente Grillo (Ceavig) que sofrem as consequências das enchentes dos rios das Contas e Jequiezinho, ocorridas neste fim de ano".

E todas as vítimas das cheias foram cadastradas, entre comerciantes e moradores, para se conhecer as especificas necessidades de cada um.

Em Ipiaú, moradores da Rua Nova Conquista e imediações – talvez a localidade mais severamente atingida – precisaram apelar para a Câmara de Vereadores para serem ouvidos pela prefeita.

Na sessão, muito apropriada e democraticamente, tiveram espaço cedidos pelo presidente Robson Moreira e puderam narrar o drama deles e de seus vizinhos.

Foram coletivamente consensuais em denunciar que a Prefeitura não limpa e não faz a manutenção das bocas de lobo.

Uma delas, assim disse: "Nossos bueiros estão sujos, só se limpava bueiro na gestão de José Mendonça. Na nossa rua é contado de dedo quem não perdeu não. Eu perdi tudo. Nós queremos uma reunião com a prefeita", denuncia.

"Uns recebem cestas básicas, outros não recebem. Tá dando por cara. Todo mundo tá precisando, ninguém é melhor do que os outros"

Valdeci Aquino da Silva – Quinha do Salão

Segundo as moradoras, houve um tempo que não haviam cheias na Nova Conquista, mas a situação se agravou. "Qualquer chuvinha que dá na Nova Conquista, está entrando água nas casas. Antes, não chegava a entrar.  O esgoto passava pelos fundos das casas. A gente tá pedindo socorro, para olhar para gente".

"Toda vez que chove, a rua alaga. O Vereadores não passam pela rua.  É preciso tomar uma providência em relação aos bueiros", acrescenta outra vítima das inundações.

Os especialistas
A geógrafa Sarah Andrade, ipiauense, foi às redes e exibiu um vídeo muito esclarecedor sobre o tema. Ela começa por distinguir cheias de alagamentos.

"Alagamento é quando chove e a cidade não aguenta escoar água das chuvas porque tem entupimento de boca de lobo, entupimento de bueiros, entupimento de galerias, por conta do mau redimensionamento da rede de drenagem", explica.

E ai reside o drama já histórico. A rede drenagem do município recua ainda aos anos 60. É, portanto, limitada e precisa ser urgentemente redimensionada.

Por outro lado, também explica a geógrafa, as inundações dos rios são cíclicas e sazonais e há um erro histórico no processo de ocupação e urbanização das suas margens. "A prefeitura tem por obrigação implantar uma defesa civil municipal, que deve adotar um conjunto de ações preventivas", pontua Sarah, em vídeo que você pode assistir a íntegra:

Mas faça-se justiça, a gestão Maria das Graças Mendonça (PP) reedita um típico e histórico modus operandi: “É mais fácil inaugurar praças do que obra enterrada”, como disse o engenheiro ambiental Tiago Lima, em artigo para essa 2D, em 26 de dezembro do ano passado, exatamente quando a comunidade padecia aos prejuízos e estragos de uma enchente.

Assista a íntegra da sessão.

Leia.

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