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“Mestre Braz dizia ter encontrado em Ipiaú os melhores dias da sua existência”, conta José Américo Castro

Mecânico, que faleceu aos 93 anos, chegou em Ipiaú em 1937

-José Américo Castro-
Jornalista


Aos 93 anos , faleceu na manhã desta quinta-feira, 10 de fevereiro, no Hospital Prado Valadares, em Jequié, o Braz Tito da Cruz. O óbito, às 9hs40min, decorreu de um Acidente Vasculhar Cerebral (AVC).

O velório aconteceu no prédio da Loja Maçônica Fraternidade Rionovense e o sepultamento foi às 11 horas dessa sexta-feira, 11, no Cemitério Velho de Ipiaú.

Braz chegou a Ipiaú em 1937

Ele deixa uma numerosa descendência, entre filhos, netos e bisnetos, além de um bom exemplo de honradez e cidadania. Fala mansa, jeitão maneiro de quem não tinha pressa, excelente memória, cheio de histórias para contar.

Assim, Mestre Braz tocava a vida e se considerava um homem feliz.Dizia ter cumprido a missão que Deus lhe deu e encontrado em Ipiaú os melhores dias da sua existência.

Mestre Braz chegou nesta cidade em 1937, proveniente de Taperoá, baixo sul do estado, onde nasceu. Seu pai era o pedreiro Joel Tito da Luz e a mãe se chamava Helena Damiana da Conceição.

Um erro de registro, no cartório, tirou do seu sobrenome a palavra “ Luz”, substituindo-a por “ Cruz”, a qual carregava com dignidade até hoje e transmitiu aos seus descendentes: Braz Filho, José Joel (Nuna), Julio Cesar( que é o cantor e compositor Tito da Cruz), Antônio e Aníbal( Jhon Boy).

A mãe deles tinha o nome de Railda Campos Sales.No ano de 1948, Braz aprendeu a dirigir automóveis com um motorista apelidado de “Capa Égua”. Daí começou a se interessar pela mecânica. Na cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais, ingressou na “Oficina Baiana”, onde, num período de cinco anos (de 1950 a 1955), aprendeu a profissão.

Tornou-se um mestre, especialista em motores das marcas Williams, Chevrolet e Ford.Nas eleições de 1955 o mineiro Juscelino Kubitschek de Oliveira foi eleito presidente do Brasil e apresentou um plano de metas, cujo lema era “Cinquenta anos em Cinco”.JK pretendia em apenas cinco de governo realizar ações correspondentes a 50 anos de desenvolvimento econômico.

Mestre Braz não se deixou seduzir por tanto entusiasmo e fez um caminho contrário ao de tantos outros nordestinos que se deslocavam para a região onde estava sendo construída a nova capital federal, Brasília. Retornou a Ipiaú e abriu sua própria oficina numa garagem cedida pelo fazendeiro Quincas Azevedo, na Rua Rio Branco”, centro da cidade.

Desse modo começa a concorrer com mestre Alírio, Arlito Santana , Raimundo Nonato e outros mecânicos de grande competência.A labuta diária lhe permitiu juntar algum dinheiro e comprar um galpão, pertencente ao concorrente Arlito Santana, na Avenida Getúlio Vargas.No imóvel instalou a “ Oficina São Braz” que vem funcionando há 64 anos ininterruptos.

Na Oficina São Braz chegaram a trabalhar mais de 20 pessoas, numa mesma turma, realizando serviços de mecânica, chaparia montagem, desmontagem e pintura automotiva. Atualmente são alguns dos filhos de Mestre Braz que atendem a clientela.

Dentre os inúmeros discípulos que ele formou estão os mecânicos Manoel Arara, Brazinho (seu filho mais velho) Valdivino e Jai.Certa feita o velho mecânico aceitou um desafio e montou, num prazo de 15 dias, dois motores da nova geração dos importados: um da Renault e o outro da Mitsubishi. Assim provou a sua competência e mostrou porque lhe chamavam de Mestre”.

O vereador Claudio Nascimento (PSD) propôs e Câmara lhe concedeu o título de Cidadão Ipiauense.

CIDADÃO IPIAUENSE
Reconhecendo os relevantes serviços que Mestre Braz prestou ao município de Ipiaú, a Câmara Municipal, através de uma iniciativa do vereador Claudio Nascimento, lhe concedeu o título de “Cidadão Ipiauense”.

A decisão repercutiu positivamente no âmbito do município, tendo merecido reiterados elogios por parte da comunidade local que através de algumas gerações testemunhou a grandeza de um homem simples e sábio. Mestre Braz teve o merecimento de receber em vida a justa homenagem do município que tanto amou.

Reproduzido da página do jornalista José Américo Castro no Facebook

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