“Envolve educação, distribuição de renda e envolve em oportunidades", avalia o titular da 9ª Coorpin, unidade regional da Polícia Civil da Bahia que atua em 24 cidades.
Sobre os ombros do potiguar de 39 anos, Rodrigo Fernando Souza, está a responsabilidade de combater o crime em 24 cidades do sudoeste e sul da Bahia, que, somadas, reúnem 465.129 habitantes, segundo estimativa deste 2021 do IBGE.
Ele é delegado da Polícia Civil da Bahia desde 2016. E, em março deste ano, assumiu a 9ª Coorpin – Coordenadoria de Polícia do Interior – com sede em Jequié.
Para além das estatísticas e boletins policiais, ele esteve ontem (7), respondendo aos questionamentos do âncora Cleber Gadita no Pela Ordem da 2D.
Foi sereno, articulado e firme. Na política, disse que Bolsonaro frustrou esperanças e ressuscitou Lula como esperança. Sobre o governador da Bahia, Rui Costa (PT), reconhece que a Polícia Civil da Bahia avançou com ele, mas pode avançar mais e pede mais efetivo humano para a sua corporação. “Ele faz um excelente trabalho como governador”,
avalia.
Mas insiste na urgente ampliação do quadro de mão-de-obra da PC baiana. “O que a gente precisa é uma distribuição maior de servidores, isso é uma realidade. Falta pelos menos 50% do efetivo. Tem por volta de cinco mil servidores, tem que ter 12 mil servidores”,
reivindica.
A 9ª Coorpin | |
Município | População |
Jequié | 156.277 |
Barra do Rocha | 5.515 |
Dario Meira | 10.347 |
Itagibá | 14.331 |
Ipiaú | 45.969 |
Aiquara | 4.387 |
Itagi | 12.140 |
Jitaúna | 10.470 |
Apuarema | 7.274 |
Manoel Vitorino | 12.944 |
Iramaia | 7.874 |
Lafaiete Coutinho | 3.663 |
Jaguaquara | 54.913 |
Maracás | 19.973 |
Planaltino | 9.415 |
Santa Inês | 10.583 |
Itaquara | 8.375 |
Cravolândia | 5.352 |
Itiruçu | 12.482 |
Lajedo do Tabocal | 8.591 |
Irajuba | 7.295 |
Ibirataia | 14.476 |
Nova Itarana | 8.328 |
Brejões | 14.155 |
Total | 465.129 |
Com ele e sob a sua coordenação, na 9ª Coorpin de Jequié são 123 profissionais. Entre eles, 24 delegados titulares das chamadas delegacias territoriais e mais dois de delegacias especializadas.
“O crime de homicídio, por exemplo, você precisa de uma equipe para diligenciar até o local, para levantar as informações num primeiro momento e isso precisa ser no momento imediatamente posterior ao crime. Se você deixar para outro dia, o depoente pode não falar da forma como deveria. Você precisa de um pessoal bem treinado e qualificado, para chegar a este local do crime, para desmontar o quebra-cabeça. A confissão não é o único elemento de elucidação do crime”
, observa o delegado,
Diz, por outro lado, que os avanços materiais e estruturais são significativos, em função dos investimentos da SSP – Secretária de Segurança Pública. “Melhorou a questão estrutural, melhorou a questão das viaturas, a questão das delegacias, melhorou a questão do armamento. Hoje, o policial civil tem um armamento de qualidade. Vem melhorando, a gente vem avançando. Recentemente, conseguimos instaurar na coordenadoria regional o inquérito eletrônico. O papel vai ser finalizado nas delegacias”,
lista o delegado, que antes de ingressar na Polícia Civil baiana, esteve por 6 anos na Policia Militar do Rio Grande do Norte e por mais um ano como investigador da Polícia Civil capixaba.
Credita estes avanços principalmente as mudanças de comandado na SSP e da PC, com as chegadas do secretário Ricardo Mandarino. Da diretora do Departamento de Polícia Civil do Interior, delegada Rogéria Araújo. E de Heloísa Campos Brito, delegada-geral da Polícia Civil.
Visão de segurança pública
Sobre as máximas do seu segmento tem suas posições para além do mais comum e diz não ser bem assim a história de que a Polícia prende e a Justiça solta.
“Existem as regras do jogo, tem que ter investigação, tem que provar. Passar por investigação mais apuradas, mas bem feitas. Tem que estruturar a polícia militar e a polícia civil, para ter elementos probatórios que assegurem a punição. A questão não é apenas mudar o código penal”,
defende Rodrigo Fernando, que nasceu na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Quanto ao acesso as armas pela população comum, não vê nesta questão nem o maior problema tampouco a solução efetiva para as questões de segurança pública.
“Não é a facilidade de acesso às armas a causa do crescimento da criminalidade. O acesso às armas pelo crime é de forma ilegal, não é arma legal. E essa é muito cara, não é qualquer cidadão que pode comprar”,
observa o coordenador de polícia, que tem formação em Direito pela Universidade Potiguar, no ano de 2009, com especialização em Ciências Criminais pela Universidade Anhanguera, e especialização em Segurança Pública pela UNITER. “Não sou a favor desta política de armar a sociedade, a população não está culturalmente e psicologicamente preparada para andar com uma arma”,
prossegue.
Para ele, o combate à violência envolve muito mais que polícia. “Envolve educação, distribuição de renda e envolve oportunidades. A gente tem que se preocupar com as gerações que vão vir senão os números vão aumentar”,
avalia o delegado.
Para Rodrigo Fernando, a contenda é entre o Estado e o crime. E não entre o cidadão e o crime. “Tem que ter uma mudança de política, uma mudança de visão”,
argumenta.
O delegado potiguar radicado na Bahia e agora torcedor do Bahia, diz que é muito mais fácil evitar que novas gerações ingressem no mundo do crime do que retirar do mundo criminal jovens e adolescentes que já estão enraizados.
Para ele, o Estado tem que assegurar politicas de saúde, educação e formação de renda para impedir que jovens cada vez mais jovens sejam recrutados por organizações do tráfico de drogas, por exemplo. “O coroa, no crime, tem 22 anos. O jovem ingressa cada vez precocemente no crime e, entre 17 a 23 anos, já vem a óbito”,
exemplifica. “
As organizações criminosas usam as pessoas que estão à margem da sociedade e com dificuldades”,
acrescenta.
Rodrigo Fernando traz números de sua 9ª Coorpin, para ilustrar que é o tráfico de drogas o grande vilão. "70% dos 121 homicídios que tem na coordenadoria, do princípio do ano até agora, são vítimas que tem passagens ou envolvimento com o tráfico",
ilustra
Sobre Reduzir a maioridade penal, ele diz: Imagine pegar essa turma de 16 anos e jogar nos presídios, você vai agravar a situação, destes presídios superlotados
?”.
Assista a íntegra da entrevista dele.
2D