O comerciante Carlos da Links admite problemas, mas vê exagero na denúncia e diz não poder controlar o que acontece para além dos limites de sua loja
Há um ano e meio, calcula Euclides Ramos Santos, conhecido como Kida, morador da Rua Juracy Magalhães, no centro de Ipiaú, ele, a esposa Geisa e seus dois filhos tem o sono e a paz, diariamente, sequestradas.
Segundo ele, no turno compreendido entre 22h00 e às 5h30 da manhã, uma concentração barulhenta e alternada de motocicletas sem descarga, paredões de som, gritos de transeuntes, provocados por brigas, geradas por bebedeiras, usurpam dele e da família este direito.
Todo este rebuliço narrado por Kida, descrito nos vídeos anexos a essa matéria, ocorre logo em frente a loja Links Free Shopping, de propriedade do comerciante Carlos do Espírito Santo, o Carlos da Links.
A Links fica em frente à residência de Kida e bem próxima a Fundação Hospitalar de Ipiaú. “Quando falamos com o dono do estabelecimento, ele coloca os clientes bêbados contra nós, chegando até nos ameaçar, o que nos deixa acuados e sem saber a quem recorrer”, queixa-se Kida.
A movimentação e a concentração resultam da permanente chegada de clientes a loja, cujo funcionamento avança para toda a noite e madrugada. Além disso, como é possível observar no vídeo, há um ponto de serviço de moto-taxi e um carrinho de lanches, que serve pizzas e cachorros quentes, também na frente da loja.
Kida reconhece o apoio da Polícia Militar que, assim que é acionada, vem dispersar o movimento. “São palavrões, gritos e muitas brigas, e a polícia está a par da situação até nos aconselharam ir ao MP. A vizinhança já foi, mas até hoje não obtivemos nenhuma resposta”, relata o morador.
Endossa as reclamações de Kida, a sua ex-vizinha, Isabel Cristina, que diz ter deixado a rua principalmente por estes problemas.
Carlos da Links reconhece que há problemas, mas vê exageros na denuncia
Ouvido pela Redação da Rede2D, Carlos da Links foi ao contraponto do que disse o seu vizinho e tem uma visão e uma versão diferente sobre o que fazem os integrantes da vida noturna nas imediações de sua loja.
Ele começa por argumentar que não tem como controlar e não é sua responsabilidade controlar o que acontece para além das portas da Links. “Eu proíbo o consumo de bebidas dentro da loja, recomendo não utilizar o som a grande altura, mas não posso obrigar ninguém a fazer nada, principalmente quando as pessoas estão num local público”, observa Carlos.
O comerciante vê exagero na informação de que a movimentação regularmente acontece de domingo a domingo, sempre no período de 22h00 até as 5h30. Ele diz que não há essa intensidade diária e o movimento aumenta a medida que se aproxima o final de semana.
De acordo com Carlos, o serviço de moto-taxi, cujo ponto funciona ao lado da loja, a frequência cai, naturalmente, com o avanço da noite e da madrugada. “Ficam apenas um ou dois operando. Tanto é que preciso, às vezes, eu mesmo atender as chamadas”, ilustra.
Ele nega, peremptoriamente, que tenha colocado um cliente bêbado contra Kida, mas reconhece que houve uma discussão, dizendo ter sido um ato isolado entre os dois.
Por último, Carlos do Espírito Santo diz que está providenciando a instalação de 32 câmeras externas, onde vai pedir autorização para fixa-las até em postes de iluminação posicionados nas imediações de sua loja. Com elas, aposta o comerciante, ele acredita ser possível deixar muito claro que ele e sua loja não tem nenhuma culpa e responsabilidade com os excessos que possam ser cometidos para além do espaço físico privado da loja.
Polícia Militar, Polícia Civil e Ministério Público
O capitão Márcio Ferreira, da 55° Companhia de Polícia Militar da Bahia, disse que a corporação estará sempre à disposição dos moradores para restabelecimento da ordem pública. Mas orienta para necessidade de adotar os procedimentos regulamentares, necessários para provocar a ação do Ministério Público e até da justiça, se for o caso.
Na outra corporação, a Polícia Civil da Bahia, Rodrigo Fernando, delegado-titular da Delegacia Territorial de Ipiaú, exemplifica: “já tivemos diversas apresentações de carros e aparelhos de som aqui na delegacia, inclusive nesse final de semana”. E orienta: “Esse tipo de crime, na maioria das vezes, depende de um flagrante para se chegar ao autor, mesmo sendo de menor potencial ofensivo”. Por último, sugere: “O que pode ser feito, também, é a vítima filmar, gravar o barulho e vim a delegacia registrar uma ocorrência”.
O capitão Márcio Ferreira ainda lembra, como exemplo, o episódio similar, em um outro estabelecimento comercial, quando o Ministério Público foi acionado e junto ao proprietário lavrado um Termo de Ajuste de Conduta – TAC -, e o problema foi dirimido.
Mas Kida trouxe a redação da Rede2D um print de protocolização de denuncia ofertada ao MP. Segundo ele, feito por alguns de seus vizinhos. “Até hoje, nada”, lamenta o morador.
Rede2D – Redação