"Naquele momento de sufoco das chuvas, quando eu não conseguia localizar o prefeito da cidade", disse Rui Costa
Na política, a mão que afaga é sempre a mesma que apedreja. As convicções são fugazes, se que é existem convicções neste meio.
Vale lembrar o falecido ex-governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, que disse: "Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou".
Rendia até card uma aterrissada do governador Rui Costa (PT) em Dário Meira, assinados pela Prefeitura e pelo Governo da Bahia, com foto dos dois, abrindo sorrisos largos: Rui Costa e o prefeito William de Alemão (PP).
"Amanhã teremos a honra de recepcionar o Governador Rui Costa em nosso município. Sexta-feira 16 de Julho, às 9h, no Estádio Jovino Souza (campo)", disse William Alemão, em legenda para o card postado em seus perfis no Instagram e Facebook.
Mas é o crepúsculo de uma era. Em 1º de Janeiro de 2023, Rui Costa não estará governador e seu candidato, Jerônimo Rodrigues (PT), segue com números empacados nas pesquisas, o que fez o prefeito, agora, desonrar o governador com a sua ausência, ontem (24), em Dário Meira.
Na terça-feira (23), William de Almeida Sena, prefeito de Dário Meira reeleito em 2020, anunciou o embarque na candidatura do ACM Neto ao governo da Bahia e o apoio a Cacá Leão (para senador), João Leão (para deputado federal) e Hassan Iossef (para deputado estadual).
Rui Costa ganhou o solo de Dário Meira puxando um punhado de prefeitos, ex-prefeitos e seus auxiliares, que foram lá fazer número em favor de um esvaziado ato do Governo do Estado da Bahia, que não contou com a presença do prefeito da cidade.
Segundo informou o próprio Rui Costa em suas redes sociais, ele foi à Dário Meira autorizar a construção de 71 novas unidades habitacionais para as pessoas que perderam suas casas na última enchente e vivem em áreas de risco. "Aqui, numa área segura, mais alta, e que não alaga, faremos uma extensão da cidade e iremos erguer uma nova escola, além de uma delegacia e unidade da PM. É dessa forma que trabalhamos por toda Bahia: cuidando da nossa gente", informou o governador.
O governador sentiu o abandono e não disfarçou seu rancor. "Naquele momento de sufoco das chuvas, quando eu não conseguia localizar o prefeito da cidade, eu conseguir contar com vocês", disse, acusando William de Alemão de omissão durante as chuvas, no final de dezembro do ano passado, que devastou a cidade, levando-a a situação de calamidade pública.
De fato. Foi flagrante a omissão do prefeito durante aquele período dramático, os moradores se queixaram e a notícia correu por toda região. Mas dizer só agora, quando William deixou o seu covil e foi abrigar-se no covil dos leões, soa a hipocrisia e oportunismo de Rui Costa.
Seguramente, se William de Alemão estivesse ali por entre o cordão dos outros prefeitos, – sentado, domado e sereno – apoiando e aplaudindo cada vírgula da fala do governador, o prefeito tetracampeão em contas reprovadas pelo TCM (2017, 2018, 2019 e 2020), receberia de Rui Costa um rosário das melhores adjetivos que se pode destinar a um gestor público.
Na política e para os políticos, conceito e convicção é uma questão de ocasião, como bem ilustram Rui Costa e William de Alemão.
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