Quinta-feira, Março 13, 2025
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Governista do MDB deve assumir relatoria do Orçamento após queda de braço com União Brasil

O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), deverá assumir a relatoria do Orçamento de 2026, segundo líderes e parlamentares. Caso confirmada, a escolha do deputado encerrará uma disputa entre o MDB e o União Brasil que se arrastava desde o ano passado para ver quem ocuparia o posto.

É o relator quem define a alocação de verbas para os programas do governo e negocia com o Executivo e parlamentares quais serão as despesas do ano. A função ganha ainda mais relevância em ano eleitoral.

O governo Lula (PT) também poderia ficar aliviado se a escolha se confirmar, uma vez que o parlamentar é aliado do Palácio do Planalto. Da ala lulista do MDB, Isnaldo chegou a ser cotado para assumir o ministério de articulação política, mas foi preterido por Gleisi Hoffmann.

Um ministro do governo afirma, sob reserva, que o nome de Isnaldo para a função seria “ótimo”. O líder do MDB também foi lembrado na bolsa de apostas da reforma ministerial para suceder José Guimarães (PT-CE) na liderança do governo. Mas, para o parlamentar, a relatoria da Comissão Mista de Orçamento (CMO) seria mais interessante, segundo aliados, por ter maior controle sobre o Orçamento.

O cargo é almejado pelos partidos porque o relator ganha poder de influência junto aos parlamentares e ministros do governo federal.

Além de ser considerado governista, Isnaldo é um braço direito do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Segundo Motta, a definição sobre as comissões ocorrerá durante reunião de líderes na manhã desta quinta-feira.

A instalação da nova composição da CMO, formada por deputados e senadores, ocorrerá apenas em abril, mas há pressa entre os parlamentares. Além disso, a solução desse impasse entre União Brasil e MDB tem reflexos na definição de demais colegiados.

Há ainda muitos colegiados em disputa pelos parlamentares, a CMO sendo o principal. O União Brasil almejava o cargo e dizia ter um acordo com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) que garantia isso.

Segundos relatos, os deputados do partido Elmar Nascimento (BA), Damião Feliciano (PB) e Paulo Azi (BA) já se organizavam nos bastidores para ter apoio de seus colegas para assumir a função.

Emedebistas e aliados próximos de Motta dizem que, apesar da costura com Lira, que envolvia o rodízio entre os quatro maiores partidos no comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e na CMO, o União Brasil demorou a aderir à campanha do presidente da Câmara e, portanto, o acerto não teria mais validade.

O União Brasil manteve a candidatura de Elmar à sucessão de Lira até 13 de novembro, enquanto o MDB apoiou Motta em outubro.

Políticos do União Brasil, por sua vez, criticam a possibilidade de o MDB ficar com o posto e trabalham para reverter o cenário —ainda que essa possibilidade seja considerada remota por deputados familiarizados com as tratativas.

Dois integrantes da cúpula do partido dizem que isso poderá gerar ruídos na relação da sigla (que é a terceira maior bancada da Casa, com 59 deputados) com Motta. Pelo acerto que está sendo desenhado, será oferecida ao União Brasil a presidência da CCJ, considerada a principal comissão da Câmara, neste ano e em 2026.

Como a Folha mostrou, a disputa entre os dois partidos tinha como pano de fundo as eleições de 2026. O relator tem uma cota de R$ 400 milhões para direcionar no Orçamento. Esse recurso entra no caixa dos ministérios e dependerá, depois, de negociações adicionais com o Executivo para ser executado.

Na avaliação de dirigentes partidários, essa verba pode fortalecer o caixa de prefeitos aliados e turbinar campanhas eleitorais —até mesmo para aumentar as bancadas no Congresso em 2026.

As discussões sobre o comando das 30 comissões da Casa estão tomando os trabalhos dos líderes nesta semana. Há outras disputas ainda ocorrendo, por exemplo, envolvendo a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) —na qual o PL diz ter interesse, apesar de Motta já ter rechaçado essa possibilidade, que romperia acordo do ano anterior.

PL e União também disputam em outra frente, na Comissão de Segurança Pública.

Victoria Azevedo e Marianna Holanda/Folhapress

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