Nas eleições de 1982, o eleitor obrigava-se a votar em candidatos de mesmo partido, sob pena de anular do voto
Em 15 de novembro de 1982 o eleitorado brasileiro foi chamado a eleger os governadores que administrariam seus estados por este mesmo tempo de hoje, quatro anos, a contar de 15 de março de 1983
Naquele pleito, valeu o chamado “voto vinculado”: o eleitor teria que escolher candidatos de um mesmo partido para todos os cargos em disputa, sob pena de anular seu voto.
Tinha que votar de cabo a rabo: em governador, deputado federal, estadual do mesmo partido.
Ainda não havia a eleição direta para presidente. O general João Figueiredo era o presidente da República e o seu partido, o PDS, viu nesta artimanha institucional uma forma de manter a hegemonia eleitoral, nas primeiras eleições gerais desde 1964, quando os canhões e tanques das forças armadas impuseram um novo regime político.
A regra não durou mais que aquela eleição e já nas eleições de 1985, para prefeitos de capital, não foi adotada. Sucumbiu e jamais se ouviu falar dela desde a ascensão da Nova República.
Mas alguns Institutos das Pesquisas da Bahia, curiosamente, esforçam-se, involuntariamente ou voluntariamente, para fazer o eleitor entender que é assim o voto, com essa ginástica de coleta de informações sobre tendência de voto, que casa presidente e governador. Ou apoiador e apoiado.
É o caso da mais recente pesquisa trazida à publico. No lugar de cenário estimulados e espontâneos. No lugar de cenários com varias de composições de nomes diferentes, dado o período de pré-campanha eleitoral, onde ainda não há, ou pode não haver, um quadro definido de nomes.
No lugar dessas modos comuns, um fabricado cenário onde casa os pré-candidatos à governador com seus apoiadores. E assim foram o resultados:
Com pré-candidatos | |
ACM Neto (PT) com Ciro Gomes | 41% |
J.Rodrigues com Lula | 33% |
João Roma com Bolsonaro | 14% |
Kleber Rosa (Psol) com apoio de Guilherme Boulos (Psol) soma 1%. Brancos e nulos representaram 4% e não sabem ou não responderam foram 7%.
Como se apenas assim pudesse, e só desta forma, votar o eleitor: de dobradinha, casado… A escolha é individual e não por dupla.
Não é assim que consta na eletrônica urna eleitoral. Quando o leitor adentra a cabine e inicia a operação do voto, não há uma dessas fotos metamorfoseadas por Photoshop, com dois sorridentes candidatos abraçados ou lado a lado.
Apenas um nome e uma foto por vez. Livre, leve e solto, o leitor não se obriga a fidelidade partidária ou ideológica. Leva lá sua chapinha anotada e vai transformando em voto suas convicções.
Este raro modo de se fabricar cenários de peleja eleitoral ainda peca na imaginação. Por ingenuidade ou desinformação, aponta ACM Neto apoiado pelo presidenciável Ciro Gomes (PDT). Não se conhece, pelo menos publicamente, nenhuma negociação dos partidos neste sentido.
Para além da improbabilidade, ainda aposta que é o eleitor baiano encabrestado e incapaz de distinção e discernimento. Vai votar de cima pra baixo, encomendando sua convicção a um “líder nacional”.
Mas diz o outro cenário:
Sem presidentes | |
ACM Neto | 65% |
João Roma | 8% |
J. Rodrigues | 6% |
Kleber Rosa | 1% |
6% responderam que votariam branco ou nulo, enquanto 14% não souberam ou não quiseram responder.
Impressiona a disparidade dos resultados entre um e outro cenário. Avassaladora a diferença. No mínimo, um dos dois está completamente equivocado, ainda que pesquisa seja apenas um retrato embaçado e impreciso do momento.
Mas para este segundo cenário conta a favor o fato de ser dentro da regras do jogo, como na prática acontecem as escolhas dos nomes, sem o cabo a rabo e a vinculação, como sugeriu a imaginação do primeiro cenário.
Espontânea
Já em cenário espontânea, quando não se apresentam os nomes, quase metade dos eleitores não tem preferência por qualquer candidato: 46% declararam que não sabem em quem votar para governador. Depois, ACM Neto aparece em primeiro lugar, com 29% das intenções de voto, o governador Rui Costa com 9%, João Roma tem 4%, Jaques Wagner somou 3%, e Jerônimo Rodrigues tem 2%. Outros candidatos somam 3%, brancos ou nulos são 4%.
O estudo, encomendado pela Rádio Salvador FM e realizado entre os dias 16 e 18 de março, quando ouviram 1,5 mil pessoas. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BA-097/2022.
Rejeição
Entre os quatros postulantes apresentados no estudo, o mais rejeitado pelos entrevistados é Kleber Rosa (Psol) com 34%, depois João Roma (sem partido) com 33%. Jerônimo Rodrigues tem 28% de rejeição, e ACM Neto possui 20%.
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