Terça-feira, Novembro 26, 2024
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Kleber Rosa, do PSOL, diz que Rui Costa não é de esquerda

Para Kleber Rosa, o governo Rui Costa apresenta resultados negativos principalmente na educação e na segurança

Pré-candidato a governador da Bahia, Kleber Rosa (PSOL) disse nesta quinta-feira (26) que o governo de Rui Costa (PT) não é de esquerda. Mesmo assim, Kleber defendeu voto no ex-presidente Lula, seguindo a definição do PSOL, na disputa pelo Palácio do Planalto.

“Não foi [um governo] de esquerda, não tem característica alguma disso, é um governo que foi disputado por setores da direita que impuseram sua pauta. No governo sobretudo de Rui Costa, houve perda para trabalhadores e população em geral”, afirmou Kleber em sabatina da Folha e do UOL.

“E o PT na Bahia fez aliança com setores do campo da direita, inclusive com a oligarquia carlista, que está dirigindo e influenciando a política da Bahia há quase 70 anos. Isso se reflete numa postura governamental para o campo do centro-direita. O que acontece na segurança é o melhor exemplo de como esses setores conservadores se impõem e dão a dimensão do que é o governo do PT na Bahia”, afirmou.

Para Kleber Rosa, a atual política de segurança pública do governo da Bahia prejudica os mais pobres e os negros. “Temos a segurança pública voltada para o confronto voltada à naturalização da morte dos corpos negros, voltada para emparedar e combater essa população.”

“Rui Costa é um defensor desse modelo de segurança pública, inclusive em vários momentos se posiciona respaldando ações violentas de promoção de chacinas, busca dar retaguarda a ações que impulsionam a violência”, disse.

Apesar de tecer críticas ao governo do PT na Bahia, Kleber Rosa disse que votará em Lula na disputa presidencial. O PSOL, mesmo apoiando o petista nacionalmente, tem lançado pré-candidatos em diversos estados em palanques diferentes dos petistas.

“Não podemos correr o risco de ter Bolsonaro num novo mandato, o quanto ele se sentiria empoderado e legitimado para seus ímpetos autoritários. O desafio de derrotar Bolsonaro exige a responsabilidade de pensar isso como central e ninguém está mais posicionado para fazer isso do que o ex-presidente Lula”​, disse.

“Vamos na Bahia fazer a campanha de Lula e nos engajar de forma visceral na campanha.”

O postulante do PSOL disse que é cedo para discutir um eventual apoio a Jerônimo Rodrigues (PT) em um possível segundo turno na Bahia. “O que estou vendo é Jerônimo se colocar como novo Rui Costa. Se a posição dele for respaldar de forma acrítica o que a gente coloca como ponto de pauta aqui, a possibilidade de diálogo para o segundo turno se torna zero”.

Para Kleber Rosa, o governo Rui Costa apresenta resultados negativos, principalmente na educação e na segurança.

“Na Bahia, é diferente, temos o governo do PT caminhando para 16 anos e é um governo que apresenta um resultado aquém do que nós da esquerda desejamos. Além de outras questões gritantes, como educação e segurança pública.”

“[É preciso] priorizar a investigação policial, o enfrentamento ao crime organizado é feito com investigação policial e isso evita a produção de violência. É necessário focar o centro da ação policial na inteligência e na investigação. Também é preciso fazer reestruturação da segurança pública garantindo carreira para investigadores da Polícia Civil e da Polícia Militar”​, disse.

Na área da educação, Kleber Rosa defendeu uma reformulação no modelo de educação pública, melhorias nas condições de trabalho dos profissionais da área e rompimento com a lógica de militarizar o ensino.

“Romper com a lógica de militarizante. Primeira coisa é mais educação cidadã e menos educação militarizante. Segundo, colocar a educação como prioridade, reestruturar a carga horária dos professores. Terceiro, combater o analfabetismo e fortalecer a educação de jovens e adultos.

Kleber Rosa se posicionou contrário à privatização da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) e repudiou a proposta feita nesse sentido pelo governo petista.

“O governo do PT na Bahia fez um movimento de secundarizar nossas pautas tradicionais de defesa de direitos trabalhistas, de valorização do serviço público e de valorização de pautas estatais. Abriu caminho para privatização da Embasa, não se dá para privatizar a água e entregar na mão de grupos econômicos que não têm compromissos com o bem-estar da população”, disse.

Na leitura do pré-candidato do PSOL, o governo de Rui Costa também atua na fragilização da máquina pública e ataca direitos de servidores. Kleber Rosa ainda disse que observa ausência de política efetiva de reforma agrária na Bahia e falta de políticas públicas efetivas para enfrentar o déficit habitacional.

Também adversário do pré-candidato do PSOL, ACM Neto foi alvo de críticas de Kleber Rosa, principalmente em relação ao discurso sobre a segurança pública.

“ACM Neto critica Rui Costa e diz que vai impulsionar ainda mais essa lógica. Ele quer dizer no fundo que vai fazer mais do que o governo Rui Costa já faz e aí não tem como interpretar essa fala dele como produção de mais violência e desdém ao clamor da população negra da Bahia que clama para permanecer viva”, afirmou.

Na sabatina da quarta, ACM Neto afirmou ser favorável às cotas raciais nas universidades públicas. Nesta quinta, Kleber Rosa disse que o ex-prefeito de Salvador mente na sua posição sobre o assunto.

“ACM Neto mente quando diz que é a favor porque o DEM entrou na Justiça para barrar as cotas raciais [na época da proposta].”

Kleber Rosa também disse que ACM Neto não tem autoridade para criticar Rui Costa pelo fato de a Bahia ser líder nacional em taxa de desemprego entre os 27 estados, segundo o IBGE.

“ACM Neto ontem acusou Rui Costa e disse que a Bahia é líder de desemprego e ele esqueceu de falar de Salvador, que lidera as capitais em desemprego. O que ele fez?”, indagou.

“Fez uma obra que está custando quase R$ 1 bilhão para ligar um ponto da Lapa ao Iguatemi, do centro da cidade ao centro econômico, cerca de 6 quilômetros. Enquanto isso, a cada chuva a casa das pessoas caem, esses recursos seriam suficientes para construir quase 10 mil casas. O déficit de habitação em Salvador é de 100 mil moradias. Não houve política pública séria para isso e ele naturaliza pessoas vivendo na rua”, afirmou.

O pré-candidato do PSOL também disse que, se eleito, dialogará com a composição a ser escolhida pela população na Assembleia Legislativa da Bahia. Atualmente, a sigla tem apenas um deputado estadual.

Kleber Rosa foi o terceiro entrevistado da semana de sabatinas com pré-candidatos ao Governo da Bahia. Na segunda (23), João Roma (PL) abriu a série. Na quarta (25), foi a vez de ACM Neto (União Brasil). O próximo entrevistado será Jerônimo Rodrigues (PT), na sexta (27).

A sabatina foi conduzida por Fabíola Cidral e pelos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e João Pedro Pitombo, da Folha.

José Matheus Santos
/ Folha de São Paulo

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