O MDB baiano, em que pese às vitórias em Feira de Santana e Vitória da Conquista, encolheu a menos de um terço, pelo critério de prefeituras que vai administrar a partir de 1º de janeiro de 2021.
As eleições 2020 fez o partido dos irmãos Lúcio e Geddel despencar de 48 para 14 prefeituras administradas. Figura em 9º do ranking das legendas partidárias.
Mas como venceu em Vitória das Conquista (341.219 habitantes, segundo IBGE) e Feira de Santana (619.609 habitantes, segundo IBGE), o sigla é catapultada a 4ª posição do ranking de população administrada.
Bahia. Eleições 2020 – Ranking de prefeituras administrada por partido, comparativo eleições de 2016 com eleições de 2020
Partido | 2016 | 2020 |
PSD | 81 | 108 |
PP | 55 | 92 |
DEM | 38 | 37 |
PT | 39 | 32 |
PSB | 20 | 30 |
PL | 19 | 20 |
PC do B | 12 | 16 |
PSDB | 18 | 15 |
MDB | 48 | 14 |
PDT | 20 | 13 |
Rep | 10 | 9 |
Pros | 0 | 6 |
Avante | 1 | 4 |
Podemos | 7 | 4 |
PSC | 6 | 4 |
PTB | 10 | 3 |
SD | 1 | 3 |
Rede | 3 | 2 |
Cida | 7 | 1 |
PSL | 15 | 1 |
Geddel e Lúcio
Mas os bons resultados em Feira e Conquista não diminui o drama do encolhimento do MDB baiano, que acompanha a fase traumática de seus principais âncoras, os irmãos e ex-deputados federais Lúcio e Geddel Vieira Lima.
Bahia. Eleições 2020 – Ranking da população administrada por partido
Partido | 2020 |
DEM | 30.4% |
PSD | 17,50% |
PP | 14,19% |
MDB | 9,44% |
PT | 5,41% |
PSDB | 4,75% |
PSB | 4,62% |
PL | 3,25% |
PC do B | 2,43% |
PDT | 2,31% |
Rep | 1,54% |
Pros | 0,76% |
SD | 0,63% |
PTB | 0,59% |
Avante | 0,47% |
PSC | 0,43% |
Podemos | 0,40% |
Rede | 0,40% |
Cida | 0.09% |
PSL | 0,08% |
Em janeiro de 2017, Geddel foi alvo de operação da Polícia Federal batizada de “Cui Bono?”. Segundo a PF, o nome da operação é uma referência a uma expressão em latim que significa “a quem beneficia?”. A operação é um desdobramento da Operação Catilinárias.
Em 5 de setembro de 2017, a PF por determinação judicial prendeu em um apartamento em Salvador, oito malas e quatro caixas de dinheiro, durante a Operação Tesouro Perdido. Segundo as investigações o dinheiro fora desviado do fundo FI-FGTS.
Durante as investigações, surgiu a suspeita de que Geddel estaria escondendo provas de atos ilícitos no apartamento no bairro da Graça, área nobre de Salvador.
Em razão da grande quantidade de dinheiro, mesmo sendo contabilizado em máquinas, a PF levou 14 horas para conta-lo. Ao fim da contagem totalizou mais de 51 milhões de reais.
Foi a maior apreensão de dinheiro vivo da história do país.
Em janeiro de 2019, a procuradora-geral da república Raquel Dodge pediu 80 anos de prisão para Geddel por este caso, pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, afirmando que o acusado possui “personalidade voltada para o crime”
Operação Greenfield e prisão
Em 3 de julho de 2017, Geddel foi preso pela Polícia Federal na Bahia. A prisão ocorreu em caráter preventivo a partir das delações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, por supostamente agir para atrapalhar as investigações.
De acordo com nota do Ministério Público Federal, o objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o MPF. Para isso, o ex-ministro teria atuado para assegurar que ambos recebessem vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.
Em 12 julho de 2017, foi solto pela segunda instância da Justiça Federal em Brasília para cumprir pena em prisão domiciliar. A decisão foi proferida pelo desembargador Ney Bello, motivada por um pedido de liberdade feito pela defesa de Geddel.
Em 8 de setembro de 2017, voltou a ser preso preventivamente pela PF. O pedido foi feito pela instituição após o cumprimento de mandado de busca e apreensão no “bunker” onde foram encontrados mais de 51 milhões de reais em espécie. O pedido de prisão preventiva foi endossado pelo Ministério Público Federal, e acatado pelo juiz federal juiz Vallisney de Souza Oliveira.
As investigações da Polícia Federal mostraram que ele e sua família têm 12 fazendas no interior da Bahia que valeriam 67 milhões de reais. Segundo a PF, as fazendas seriam usadas para lavagem de dinheiro através de aluguel falso de máquinas agrícolas e operações com “gado de papel”.
Condenação
Em 22 de outubro de 2019, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Geddel a 14 anos e dez meses de prisão em regime fechado e seu irmão, o ex-deputado Lúcio Vieira Lima, a dez anos e seis meses também em regime fechado.
No caso de Geddel, Um cenário tragicamente oposto de quem foi cinco vezes deputados federal, ministro da Integração nacional, tentou ser governador da Bahia (2010) e senador da República (2014).
Com os seus dois âncoras fora do páreo, a barca do MDB segue perdendo força de navegação.
Rede2D – Redação