Vereador do PSD de Ipiaú desafia a Prefeita Maria das Graças Mendonça (PP) a demitir servidores em cargos em comissão indicados por ele. Gesto do vereador é sem noção, truculento e escancara a relação promíscua com o executivo, que segue em silêncio
Agora, o vereador de Ipiaú, Lucas de Vavá (PSD), perdeu a noção de realidade e atirou no próprio pé. Ele trouxe ao picadeiro o que, na política – infelizmente – se quebra o pau quando as cortinas estão fechadas: o jogo de interesses.
Mais que isso, lançou uma cusparada sobre a panela que tanto o alimentou. Confessa que foi cúmplice, no mínimo por silêncio, do que ameaça denunciar.
Ele traz um exemplo, como um delator involuntário e sem prêmio – da promíscua relação entre poder executivo e legislativo. Que não é uma tipicidade de Ipiaú, é um modus operandi bem comum às três esferas do poder.
Ele mostra que cargos públicos – das modalidades temporários, comissionados ou terceirizados – destes que o gestor pode nomear ou exonerar por sua livre conveniência, servem como moeda de troca, se destinam a compra de convicções. Tem um decisivo papel na formação de bancadas parlamentares obedientes ao executivo.
É que Lucas de Vavá, agora apartado da bancada de sustentação a prefeita Maria das Graças Mendonça (PP), está assombrado com a possibilidade de demissão de servidores por ele indicados, quando ele ainda dizia amém ao executivo.
Na sessão de ontem a noite (15/6), ele reeditou a carga de ameaças, dizendo que seus eleitores, feitos servidores da Prefeitura por sua indicação, tem lhe procurado temendo a exoneração.
Lucas assim reage:
“Fiquem tranquilo as pessoas que estão desesperado me procurando, com medo de sair do emprego. Tipo assim, pessoas que eu indiquei. Eu falei aqui na Câmara passada e vou falar de novo. Eu posso não colocar ninguém mais para trabalhar, agora, eu quero que mexa em um dos que tá lá meu, quero ver mexer
“
A convicção de Lucas, que beira a prepotência, leva a crer que ele tem uma carta na manga. Uma poderosa arma secreta, capaz de blindar os seus indicados de qualquer possibilidade de demissão.
Um arma cujo poder de destruição leva a prefeita ao silêncio, porque jamais reagiu aos desafios e ameaças do rebelde ex-aliado.
Por enquanto, ele segue se entendendo o cara e afirma:
“Pessoas que eu indiquei para trabalhar, tirar, ai tem que passar por cima de mim. Eu desafio, tire um meu e o beré vai inchar"
Entende Lucas – até por não ter noção – que o serviço público deve ser um feudo, com uma cercania limitando o acesso para eleitos e seus eleitores, dentro de uma relação de Senhor e servidão.
No ambiente municipal, na prática, é assim mesmo, quando o tema é recursos humanos. O discurso do vereador Lucas Louzado dos Santos – o Lucas de Vavá – prova isso.
A possibilidade de ingressar no serviço público sem concurso faz do emprego público instrumento de barganha e é decisivo para formar bancadas de vereadores submissas, dessas que abusam da generosidade com o executivo.
Por isso, nada de concurso que formem servidores de carreira e imunes a pressão política. A lógica é administrar como se a Prefeitura fosse um feudo por arrendamento eleitoral. A cada quatro anos, na forma legal mas imoral da lei, substitui todo o quadro de contratados por cargos em comissão ou temporários.
Assista o trecho do discurso, onde ele ameaça e lança desafios.
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