O texto e as informações são do jornalista Tales Faria, em sua coluna no Portal UOL
Desde que a deputada Dani Cunha (União-RJ) foi eleita, o seu pai, ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, tem sido visto circulando pela Câmara.
A grande desconfiança no Congresso é que o o deputado cassado esteja por trás do texto assinado pela filha. O projeto criminaliza quem discrimine não só políticos, como também autoridades do alto escalão da República, seus parentes, funcionários e familiares.
Eduardo Cunha, é bom lembrar, será um dos principais beneficiários.
Ele chegou a ser preso em investigações derivadas da Operação Lava Jato, com penas acumuladas de mais de 54 anos de cadeia. Mas todas as condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A última, no final deste mês de maio.
Essas anulações basearam-se na tese de que as práticas de corrupção apontadas envolviam crimes eleitorais e, portanto, os processos deviam reiniciar do zero sua tramitação na Justiça Eleitoral.
Pois houve uma decisão anterior do Supremo determinando que, quando houver questões eleitorais nos processos, eles saem da Justiça comum e devem ser enviados à Justiça eleitoral. Isso, por si só, já beneficiou muitos políticos sob risco de prisão.
Mas nem essa blindagem inicial satisfez ao deputado, sua filha e muito menos aos colegas do alto escalão da República.
O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um discípulo de Eduardo Cunha, afirmou que, sem o projeto, a Câmara iria “continuar permitindo que parlamentares sejam agredidos em aviões, nos hotéis, nas festas”.
De fato, Eduardo Cunha, Arthur Lira e vários outros políticos acusados de irregularidades têm sido alvo de achincalhe quando circulam por aí. Não estão se protegendo à toa. Daí porque o texto foi aprovado às pressas na noite desta quarta-feira, 14, por 252 votos contra 163. Lira negou que tenha tratado a votação de forma açodada.
Mas o fato é que a urgência foi aprovada no mesmo dia para que o texto fosse levado à votação diretamente no plenário, sem passar pelas comissões. A aprovação do projeto, a forma como tramitou e o número de votos revelam que continuam bastante afinados o centrão e muitos deputados que nem sequer pertencem ao bloco.
Assim como o atual presidente da Câmara e o velho Eduardo Cunha.
Reproduzido do
Portal UOL
Coluna de Tales Faria