Os gêmeos Paulo e Bernardo de três anos. E Lázaro Marley, de 10 anos, tiveram seus dramas narrados à 2D pelas mães
Começamos por números da Prefeitura levantados junto ao portal do TCM – Tribunal de Contas dos Municípios -, e a CNM, Confederação Nacional dos Municípios.
O TCM diz que a Prefeitura de Itagibá tem em seus quadros de servidores públicos, na condição de cargos comissionados, 526 contratados ao custo de R$ 1.172.239,28 mensais
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Diz também o tribunal que ela tem 221 servidores temporários e desembolsa todo mês R$ 376.148,14.
Completa o quadro 225 servidores efetivos, bancados com a soma de R$ 574.115,17
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A CNM aponta que não tem do que reclamar da sua arrecadação, o prefeito Marquinhos Barreto (PCdoB). Cresceram exponencialmente as chamadas transferências constitucionais para o município de Itagibá. Até este 23 de março de 2022, são R$ 13.140.313,62 de repasses
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Os números são robustos e diferenciados, comparativamente a imensa maioria dos municípios baianos. Mas “insuficientes” para contratar profissionais como psicólogo infantil, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e interprete para crianças que precisam de cuidados diferenciados.
Os casos
Daí nascem os dramas revelados por duas mães de três crianças. A dona de casa Ivonete dos Anjos é mãe dos gêmeos Paulo e Bernardo, matriculados na Creche Municipal Casulo e portadores de autismo em grau três, considerado muito severo.
Para eles, segundo recomendação médica, são indispensáveis os cuidados e o acompanhamento de psicólogo infantil, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo.
Mas adverte a mãe, fazendo justiça. “Não reclamo das meninas que cuidam deles, pois são bem cuidados por elas, mas, não são cuidadoras, são tiradas de outra função pra dar apoio com as crianças. A diretora da creche é um amor de pessoa, cuida bem demais dos meninos, porém eles precisam mesmo é de cuidadora especializada”,
esclarece e agradece Ivonete.
Drama similar vive Lázaro Marley Paz de Jesus, de 10 anos de idade, filho da também dona de casa Luciana Paz de Jesus. Ele é da 5ª série do ensino fundamental, vem se recusando a frequentar a sala de aula porque reconhece sua dificuldade de comunicação, em função do que o laudo médico diagnosticou: perda auditiva severa.
“Mãe, eu não sei falar, mãe eu não sei falar. Diz meu filho e isso corta meu coração”,
conta Luciana de Jesus, em áudio e com voz embargada.
Para Lázaro, que estuda no Grupo Escolar José Fernandes, é necessário e urgente o auxílio de um interprete e um psicólogo infantil.
"É muito humilhante. A gente se fala e eles não se importam",
revolta-se Luciana, numa frase que resume a longa narrativa trazida a 2D pelas duas mães, retratando a via crucis que é peregrinar pelos gabinetes dos gestores da Prefeitura de Itagibá, em busca de socorro.
Outro lado
A 2D não fez contato e prévio com a Prefeitura. Ela tem por regra não retornar os contatos deste Portal.
O que é o autismo
O autismo, também chamado de Transtorno do Espectro Autista, é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) que tem influência genética e é causado por defeitos em partes do cérebro, como o cerebelo, por exemplo.
Caracteriza-se por dificuldades significativas na comunicação e na interação social, além de alterações de comportamento, expressas principalmente na repetição de movimentos, como balançar o corpo, rodar uma caneta, apegar-se a objetos ou enfileirá-los de maneira estereotipada. Todas essas alterações costumam aparecer antes mesmo dos 3 anos de idade, em sua maioria, em crianças do sexo masculino.
Para o autista, o relacionamento com outras pessoas costuma não despertar interesse. O contato visual com o outro é ausente ou pouco frequente e a fala, usada com dificuldade. Fonte: Portal Nova Escola
Com 526 contratados, gestão de Marquinhos em Itagibá é a líder com folga em cargos comissionados
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