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Agostinho Pinheiro foi prefeito de Ipiaú – quando era Rio Novo – e quatro vezes deputado estadual, conta José Américo Castro

Era pai do artista plástico Antônio José (Zebrinha) e da professora Ana Maria do Colégio Dom Bosco

🔗DOUTOR AGOSTINHO: UM DIREITISTA CONVICTO
-José Américo Castro-

Uma das personalidades que se destacaram na política regional até meados da década de 1970 foi o advogado e deputado estadual Agostinho Cardoso Pinheiro.

Ele nasceu na Fazenda Bela Floresta, município de São Miguel das Matas, na data de 29 de dezembro de 1911, sendo o nono filho do casal José Carlos Pinheiro e Antônia Cardoso Pinheiro.

Após o curso primário em sua terra natal, foi morar em Salvador. Cursou o secundário no Colégio Carneiro Ribeiro e ingressou na Faculdade de Direito da Bahia, onde presidiu o Diretório Acadêmico e formou-se no ano de 1936.

Até concluir o ciclo estudantil, Agostinho enfrentou muitas dificuldades na capital baiana, mas perseverou e venceu.

Na data de 16 de fevereiro de 1938), casou-se com Heraldina Lopes Motta. A cerimônia foi na secular Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia.

Dessa união matrimonial nasceram três filhos: Célia, o artista plástico Antônio José (Zebrinha) e a professora Ana Maria que por muitos anos esteve como uma das diretoras do Colégio Dom Bosco, em Ipiaú.

Na formatura em Direito

Após a morte de dona Heraldina, casou-se com Helena Vilas-Boas, que também morreu. Viúvo pela segunda vez ele se uniu a Maria de Lourdes Vilas-Boas, prima da sua segunda esposa.

Foi em Rio Novo (atual Ipiaú) que Dr. Agostinho iniciou o exercício da profissão, atuando nas áreas civil e criminal. A numerosa clientela lhe proporcionou recursos para adquirir fazendas nas terras férteis do vale do rio Gongogí e torna-se um forte agropecuarista.

O bom desempenho na profissão, aliado ao espirito público, impulsionou o jovem advogado a ingressar na política local.

Não tardou a ser nomeado prefeito do município no biênio 1943-1945, período em que acontecia a Segunda Guerra Mundial e o Brasil se encontrava sob o regime do Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas sob a justificativa de conter uma nova ameaça de golpe comunista no país.

A gestão do prefeito Agostinho Pìnheiro promoveu a ampliação do calçamento da cidade e melhorias nos distritos de Tesouras (Ibirataia), Dois Irmãos ( Ubatã) e Barra do Rocha.

Desde então tornou-se influente liderança, articulando sucessores, contribuindo para a consolidação de um grupo que esteve no governo municipal durante várias ocasiões.

Outro detalhe: Dr. Agostinho participou ativamente da fundação do Rotary Club de Ipiaú. Era daqueles de não perder uma reunião da entidade.

Em 1959 foi eleito deputado estadual pelo Partido Libertador – PL-, iniciando uma trajetória parlamentar que durou 16 anos, em quatro legislaturas consecutivas, posicionando-se nas bancadas de sustentação dos governos de Juracy Magalhães, Lomanto Junior, Luiz Viana Filho e Antônio Carlos Magalhães, sendo os dois últimos eleitos pela via indireta, sem o sufrágio universal.

Em momento social

Agostinho era um direitista convicto.
Nesse período conviveu com os deputados Urbano Almeida Neto, Nelson David Ribeiro, Sebastião Azevedo, Clodoaldo Campos, Juracy Magalhães Junior, Jutahy Magalhães, Cristovão Ferreira, Djalma Bessa, Eujácio Simões, Horácio Matos Junior, Menandro Minahim e o jornalista Sebastião Nery, dentre outros parlamentares.

O deputado Agostinho Cardoso Pinheiro foi 1º vice-presidente da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa no biênio 1973-1975 e presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (1971-1972) da casa, além de vice-presidente das comissões: Negócios Municipais (1959) e Constituição e Justiça (1965). No quadriênio 1961-1964 esteve na condição de “líder da bancada do Partido Libertador.

Depois do PL, Agostinho Pinheiro filiou-se à ARENA (Aliança Renovadora Nacional) um partido predominantemente conservador, criado em 1965, com a finalidade de dar sustentação política à ditadura militar instituída a partir de 1964.

Da sua atuação parlamentar em favor de Ipiaú e região constam desde nomeações de professoras, diretoras de prédios escolares e médicos, até a inclusão de verbas no orçamento do estado para a construção de escolas, hospitais, estradas e outras obras.

De acordo com o ex-prefeito Euclides Neto, seu adversário na política e nos embates jurídicos, Agostinho tanto nomeava gente quanto canalizava verbas para o município. ”Brigava de enfurecer quando preteriam um correligionário por outro de Urbano Neto ou Nelson David Ribeiro”.

Concedendo titulo de cidadania ipiauense ao governador Juracy Magalhães

´- Brigas ferrenhas nos socavões no Diário Oficial. Duelo de vida e morte”, acentua Euclides em seu livro: 64: Um prefeito, a revolução e os Jumentos”.

Dos enfrentamentos com Dr. Agostinho no fórum da comarca de Ipiaú, Dr. Euclides comenta:

– Quantas vezes lutamos em processos de anulação de testamento, imissões de posse, indenizações de benfeitorias. Quantas demandas, às vezes duras, intricadas. Ele, excelente advogado, devotado aos seus clientes, às teses jurídicas que tão bem urdia, não admitindo que fossem contrariadas, tão convicto ficava da sua razão. Hábil, estudioso, cultor de Vieira`no escrever e no orar suas bem lançadas peças jurídicas-.

Agostinho na maturidade

-Euclides conclui: “É difícil julgar Agostinho, para mim. Nem ele se encontra em julgamento. Homem forte, duro até, foi estrompado pela vida. Resistiu com nobreza de caráter. E coragem-.

Dr. Agostinho Cardoso Pinheiro, faleceu no dia 26 de agosto de 1997, em Salvador.Não existe em Ipiaú um logradouro público que tenha o seu nome. Apenas uma escola municipal no Bairro Euclides Neto.

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