Domingo, Novembro 24, 2024
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ASSISTA: “O combate à violência envolve muito mais que polícia”, diz o delegado regional Rodrigo Fernando

“Envolve educação, distribuição de renda e envolve em oportunidades", avalia o titular da 9ª Coorpin, unidade regional da Polícia Civil da Bahia que atua em 24 cidades.

Sobre os ombros do potiguar de 39 anos, Rodrigo Fernando Souza, está a responsabilidade de combater o crime em 24 cidades do sudoeste e sul da Bahia, que, somadas, reúnem 465.129 habitantes, segundo estimativa deste 2021 do IBGE.

Ele é delegado da Polícia Civil da Bahia desde 2016. E, em março deste ano, assumiu a 9ª Coorpin – Coordenadoria de Polícia do Interior – com sede em Jequié.  

Para além das estatísticas e boletins policiais, ele esteve ontem (7), respondendo aos questionamentos do âncora Cleber Gadita no Pela Ordem da 2D.

Foi sereno, articulado e firme. Na política, disse que Bolsonaro frustrou esperanças e ressuscitou Lula como esperança.  Sobre o governador da Bahia, Rui Costa (PT), reconhece  que a Polícia Civil da Bahia avançou com ele, mas pode avançar mais e pede mais efetivo humano para a sua corporação. “Ele faz um excelente trabalho como governador”, avalia.

Mas insiste na urgente ampliação do quadro de mão-de-obra da PC baiana. “O que a gente precisa é uma distribuição maior de servidores, isso é uma realidade. Falta pelos menos 50% do efetivo. Tem por volta de cinco mil servidores, tem que ter 12 mil servidores”,  reivindica.

A 9ª Coorpin
MunicípioPopulação
Jequié 156.277
Barra do Rocha 5.515
Dario Meira 10.347
Itagibá 14.331
Ipiaú 45.969
Aiquara 4.387
Itagi 12.140
Jitaúna 10.470
Apuarema 7.274
Manoel Vitorino 12.944
Iramaia 7.874
Lafaiete Coutinho 3.663
Jaguaquara 54.913
Maracás 19.973
Planaltino 9.415
Santa Inês 10.583
Itaquara 8.375
Cravolândia 5.352
Itiruçu 12.482
Lajedo do Tabocal 8.591
Irajuba 7.295
Ibirataia 14.476
Nova Itarana 8.328
Brejões14.155
Total465.129

Com ele e sob a sua coordenação, na 9ª Coorpin de Jequié são 123 profissionais. Entre eles, 24 delegados titulares das chamadas delegacias territoriais e mais dois de delegacias especializadas.

“O crime de homicídio, por exemplo, você precisa de uma equipe para diligenciar até o local, para levantar as informações num primeiro momento e isso precisa ser no momento imediatamente posterior ao crime. Se você deixar para outro dia, o depoente pode não falar da forma como deveria. Você precisa de um pessoal bem treinado e qualificado, para chegar a este local do crime, para desmontar o quebra-cabeça. A confissão não é o único elemento de elucidação do crime”,  observa o delegado,

Diz, por outro lado, que os avanços materiais e estruturais são significativos, em função dos investimentos da SSP – Secretária de Segurança Pública.  “Melhorou a questão estrutural, melhorou a questão das viaturas, a questão das delegacias, melhorou a questão do armamento. Hoje, o policial civil tem um armamento de qualidade. Vem melhorando, a gente vem avançando. Recentemente, conseguimos instaurar na coordenadoria regional o inquérito eletrônico. O papel vai ser finalizado nas delegacias”, lista o delegado, que antes de ingressar na Polícia Civil baiana, esteve por 6 anos na Policia Militar do Rio Grande do Norte e por mais um ano como investigador da Polícia Civil capixaba.

Credita estes avanços principalmente as mudanças de comandado na SSP e da PC, com as chegadas do secretário Ricardo Mandarino. Da diretora do Departamento de Polícia Civil do Interior, delegada Rogéria Araújo. E de Heloísa Campos Brito, delegada-geral da Polícia Civil.

Nem ABC tampouco América de Natal, agora é BBMP. Rodrigo é casado com Isabele Araújo, procuradora-jurídica da Prefeitura de Ipiaú, com quem tem um herdeiro.

Visão de segurança pública
Sobre as máximas do seu segmento tem suas posições para além do mais comum e diz não ser bem assim a história de que a Polícia prende e a Justiça solta.   

“Existem as regras do jogo, tem que ter investigação, tem que provar.  Passar por investigação mais apuradas, mas bem feitas. Tem que estruturar a polícia militar e a polícia civil, para ter elementos probatórios que assegurem a punição. A questão não é apenas mudar o código penal”,  defende Rodrigo Fernando,  que nasceu na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Quanto ao acesso as armas pela população comum, não vê nesta questão nem o maior problema tampouco a solução efetiva para as questões de segurança pública. 

“Não é a facilidade de acesso às armas a causa do crescimento da criminalidade. O acesso às armas pelo crime é de forma ilegal, não é arma legal. E essa é muito cara, não é qualquer cidadão que pode comprar”,  observa o coordenador de polícia, que tem formação em Direito pela Universidade Potiguar, no ano de 2009, com especialização em Ciências Criminais pela Universidade Anhanguera, e especialização em Segurança Pública pela UNITER.  “Não sou a favor desta política de armar a sociedade, a população não está culturalmente e psicologicamente preparada para andar com uma arma”, prossegue.

Para ele, o combate à violência envolve muito mais que polícia. “Envolve educação, distribuição de renda e envolve oportunidades. A gente tem que se preocupar com as gerações que vão vir senão os números vão aumentar”, avalia o delegado.

Rodrigo é o terceiro entrevistado do Pela Ordem, programa recentemente lançado pela 2D

Para Rodrigo Fernando, a contenda é entre o Estado e o crime.  E não entre o cidadão e o crime.  “Tem que ter uma mudança de política, uma mudança de visão”, argumenta.

O delegado potiguar radicado na Bahia e agora torcedor do Bahia, diz que é muito  mais fácil evitar que novas gerações ingressem no mundo do crime do que retirar do mundo criminal jovens e adolescentes que já estão enraizados.

Para ele, o Estado tem que assegurar politicas de saúde, educação e formação de renda para impedir que jovens cada vez mais jovens sejam recrutados por organizações do tráfico de drogas, por exemplo. “O coroa, no crime, tem 22 anos. O jovem ingressa cada vez precocemente no crime e, entre 17 a 23 anos, já vem a óbito”, exemplifica. As organizações criminosas usam as pessoas que estão à margem da sociedade e com dificuldades”, acrescenta.

Rodrigo Fernando traz números de sua 9ª Coorpin, para ilustrar que é o tráfico de drogas o grande vilão.  "70% dos 121 homicídios que tem na coordenadoria,  do princípio do ano até agora,  são vítimas que tem passagens ou envolvimento com o tráfico", ilustra

Sobre Reduzir a maioridade penal, ele diz: Imagine pegar essa turma de 16 anos e jogar nos presídios, você vai agravar a situação, destes presídios superlotados?”.

Assista a íntegra da entrevista dele.

2D

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