Mesmo sem nenhuma comprovação científica da suas eficácia, e com diversos efeitos adversos relatados, a cloroquina, medicamento usado no tratamento e profilaxia de malária e no tratamento do Lúpus, foi amplamente distribuída pelo governo federal para “tratamento precoce” do Covid-19.
De acordo com levantamento da CNN Brasil, o estado da Bahia foi o segundo com o maior número de doses recebidas do fármaco, com 112.5 mil doses, atrás apenas do Rio Grande do Sul, que recebeu 129.5 mil. Os recursos para a produção das 420 mil doses enviadas nestes 5 meses foram utilizados do fundo emergencial para o combate à pandemia. Desde maio do ano passado, o Ministério da Saúde recomenda o tratamento precoce da doença com hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.
Em estudo recente publicado pela revista cientifica Cochrane, principal referência nesse tipo de análise científica, a eficácia do medicamento em casos de Covid-19 foi descartada. De acordo com a publicação, a hidroxicloroquina “claramente não afetou a quantidade de mortes, provavelmente não alterou quantas pessoas precisaram de ventilação mecânica, pode não ter afetado quantas pessoas ainda testavam positivo para o vírus após 14 dias”.
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o prazo de 15 dias para que o Exército e o Ministério da Saúde justifiquem a produção de cloroquina e a sua distribuição aos estados.