Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios em 2.895 Municípios e constatou a falta de imunizantes para proteger a população em 65,8% deles. "O país enfrenta surtos de coqueluche, doença respiratória e altamente contagiosa. Os casos confirmados cresceram quase 2.000% em 2024 em comparação com 2023", aponta a entidade
Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (27) pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revelou a falta de vacinas do calendário nacional de imunização em diversas cidades brasileiras, incluindo doses contra catapora, covid-19 e coqueluche. No entanto, o Ministério da Saúde rebateu os dados, garantindo que 100% das necessidades foram atendidas, exceto em casos de desabastecimento global por “problemas pontuais”.
O levantamento, realizado entre 29 de novembro e 12 de dezembro de 2024, envolveu 2.895 municípios, dos quais 65,8% relataram falta de imunizantes. A CNM destaca que os resultados refletem a situação no momento da pesquisa.
Principais imunizantes afetados
A vacina contra a catapora foi a mais citada, com 52,4% dos municípios (1.516 cidades) apontando ausência. Segundo o Ministério da Saúde, a escassez se deve à falta global de matéria-prima, mas a pasta assegura que o problema será resolvido até o primeiro semestre de 2025.
Já a vacina contra covid-19 para adultos está indisponível em 25,4% das cidades pesquisadas (736 municípios), com média de 45 dias sem reposição. Apesar disso, o Ministério da Saúde informou que distribuiu 3,7 milhões de doses aos estados em dezembro e reforçou os estoques para 2025.
A tríplice bacteriana, que protege contra coqueluche, difteria e tétano, foi apontada como insuficiente em 18% dos municípios (520 cidades). O imunizante está em falta há cerca de 60 dias nos locais afetados. A CNM destacou que os casos de coqueluche aumentaram quase 2.000% em 2024, totalizando 4.395 notificações, com 17 mortes, sendo 16 em crianças menores de 1 ano.
Outras vacinas em falta
A pesquisa também apontou problemas na distribuição das vacinas meningocócica C (12,9%), tetraviral (11,6%) e febre amarela (9,7%). No entanto, o Ministério da Saúde informou ter estoques suficientes para atender à demanda dos próximos seis meses.
Resposta oficial
O Ministério da Saúde afirmou que a distribuição das vacinas segue critérios transparentes e pode ser consultada por meio de um painel interativo. De acordo com a pasta, 300 milhões de doses são enviadas anualmente aos 5.570 municípios pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A pasta ainda destacou que as coberturas vacinais vêm crescendo desde 2023, impulsionadas por campanhas como a multivacinação de novembro. Sobre a pesquisa da CNM, o ministério atribuiu eventuais dificuldades a problemas pontuais e reforçou que trabalha em parceria com os estados para assegurar o abastecimento.
Panorama estadual
Entre os estados mais afetados, Santa Catarina lidera, com 87% dos municípios pesquisados relatando falta de vacinas. Em seguida, aparecem Ceará (86%), Espírito Santo (84%) e Minas Gerais (83%).
Enquanto governo e municípios divergem sobre os números, a falta de imunizantes reacende debates sobre a gestão de vacinas no Brasil, em um momento em que surtos de doenças evitáveis voltam a preocupar autoridades de saúde.
Acesse aqui a íntegra da pesquisa.
Com informações da Agência CNM de Notícias e Portal My News