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“Com Rangel no TCM, PT vai controlar órgão ao menos por 14 anos”, avalia Raul Monteiro

“Escolha do novo conselheiro para o TCM é séria e envolve uma disputa por hegemonia no órgão de controle externo das contas de Prefeituras e Câmaras Municipais”, avalia o jornalista e editor do Portal Política Livre

Mais do que uma queda de braço entre governo e oposição, a escolha do novo conselheiro para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) é séria e envolve uma disputa por hegemonia no órgão de controle externo das contas de Prefeituras e Câmaras Municipais. Por trás do esforço que o governo realiza para emplacar o deputado estadual Paulo Rangel (PT) na vaga do jornalista Fernando Vita, que se aposentou no mês passado, está o projeto do partido, capitaneado pelo conselheiro Nelson Pelegrino, um petista, de assumir o controle político do Tribunal, um marco que pode facilmente se estender por ao menos 14 anos.

Afinal, caso Rangel seja aprovado pela maioria dos colegas, ele formará uma bancada de quatro petistas no plenário do TCM, integrado por sete conselheiros. A operação para a tomada do Tribunal começou a ser montada quando Pelegrino articulou a indicação, em maio do ano passado, para a vaga de auditor, do funcionário de carreira Roberto Sant’Anna, um militante petista, dois meses depois da chegada ao órgão da ex-primeira-dama Aline Peixoto, mulher do ex-governador e ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. A eventual nomeação de Rangel à primeira vista parece ser um golpe no senador Otto Alencar (PSD).

É dele o controle do órgão desde o ano de 2010, quando decidiu renunciar ao cargo de conselheiro para retornar à política como aliado do grupo petista. Tudo indica, no entanto, que a indiferença de Otto em relação ao movimento é apenas um gesto político para o petismo em troca, provavelmente, do apoio do partido – e do governo – ao nome da deputada estadual Ivana Bastos (PSD), sua afilhada política, para a sucessão na Assembleia no caso de o deputado estadual Adolfo Menezes (PSD) não poder se reeleger presidente. Não fosse assim, não teria envolvido a própria Ivana na tarefa de captar votos para a candidatura de Rangel ao TCM.

Mas o movimento dos petistas, sob a complacência de Otto, não passa despercebido da oposição, o que pode robustecer o ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos), considerado o nome mais forte para enfrentar Rangel. O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), já teria aberto o olho para a estratégia do grupo político adversário e começado a articular o apoio em peso da bancada oposicionista ao aliado. Tem forte na memória a bem-sucedida articulação que resultou na eleição do então deputado Angelo Coronel (PSD), hoje senador, à presidência da Assembleia. A candidatura de Coronel nasceu no grupo de Otto, mas foi abraçada pela oposição.

Na época, Bruno Reis (União Brasil) era vice-prefeito de ACM Neto. Ex-deputado, com relações amplas com colegas na Assembleia, o atual prefeito caiu para dentro da campanha para eleger Coronel, membro da bancada do governo com laços com o netismo, contra o projeto de reeleição de Nilo. O objetivo, naturalmente, era enfraquecer o PT, pensando no projeto da oposição para 2018. Neto não disputou o governo e Coronel soube, como nenhum outro antes dele, usar a posição para ser escolhido na chapa petista como candidato ao Senado. Seus flertes recorrentes com a oposição mostram que nunca esqueceu da ajuda que Neto e Bruno lhe deram.

Raul Monteiro

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