Sábado, Novembro 23, 2024
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Consultas virtuais durante a pandemia passam de 5 milhões no Brasil

Novos hábitos foram incorporados durante o período de isolamento social no Brasil, um deles foi a busca pelos serviços médicos por meio da consulta a distância para telediagnósticos.

A teleconsulta, como também é conhecido o atendimento virtualizado, foi autorizada pelo governo federal com a portaria nº 247 de 20 de março de 2020, tendo como base a resolução nº 2228/19 do Conselho Federal de Medicina (CFM), segundo esclarece a médica e professora do Curso de Medicina da Unime Lauro de Freitas, Adriana Cardoso. “É permitido ao médico prestar serviços pela Telemedicina obedecendo todas as normas técnicas estabelecidas pelo CFM, incluindo confidencialidade, sigilo médico, privacidade e responsabilidade profissional”, pontua.

“No Brasil, um longo caminho tem sido percorrido para a implantação desta modalidade de atendimento, consolidada este ano durante a pandemia da Covid-19. Os benefícios são inúmeros, incluindo: otimização no tempo de atendimento e diagnóstico, emissão de laudos com maior agilidade, interação com especialistas, redução de custos e suporte a municípios distantes que possuem escassez de profissionais”, afirma a docente.

Após a autorização do governo federal, houve um aumento na procura para o teleatendimento no Brasil. As 5,7 milhões de pessoas que acessaram a modalidade pelo TeleSus, cerca de 2,4 milhões foram avaliadas sobre os sintomas do novo coronavírus, sem a necessidade de sair de casa. Pacientes idosos e com doenças crônicas são os mais atendidos nesse tipo de consulta.

Para o médico urologista, Dr. Ezequiel Spanholi, a ferramenta é bastante útil principalmente para os pacientes crônicos por fazerem acompanhamento diariamente. “Estou no segmento de teleatendimento há 8 meses, desde o início da pandemia. Os pacientes que precisavam de um atendimento regular, como idosos, acabaram se afastando do atendimento presencial por serem grupo de risco. Quando foi disponibilizado o atendimento virtual, eles aderiram em grande parte. O nível de ansiedade dessa população é muito alto por estarem mais isolados devido ao risco de se contaminarem”, declarou o médico.

O urologista alertou sobre o uso das ferramentas. “O que não pode é um uso generalizado e indiscriminado dessa plataforma. Tem que respeitar a lei geral de proteção de dados, uma vez que tem que usar prontuário com dados do paciente. Evitar usar plataformas que não são homologadas por empresas é imprecidível, para que a privacidade do paciente seja respeitada”. Spanholi pretende continuar com esse tipo de atendimento mesmo após a pandemia, principalmente para aqueles pacientes que tem mobilidade reduzida, crônicos, que possa fazer um acompanhamento seguro à distância.

A corretora de imóveis, Solânia Suzart, 37 anos, usou o teleatendimento para acompanhamento psicológico do seu filho, Edson Terceiro, de 4 anos. “Recebi o diagnóstico que meu filho é autista em grau leve no dia 3 de março. Recorri a uma clínica particular e eles me deram a opção da teleconsulta. O atendimento virtual contribuiu bastante para a evolução no tratamento do meu filho, que hoje está super familiarizado com as profissionais. Caso os consultórios voltem a fechar, irei me sentir amparada com a teleconsulta”, afirmou a corretora.

Para a nutricionista Iumara Guimarães, se houver permissão pós-pandemia para continuidade nos atendimentos remotos, ela pretende continuar com o serviço. “Iniciei os atendimentos on-line em abril e finalizei para o público em geral em agosto. Durante esse período foram em torno de 600 atendimentos. Agora só realizo atendimento virtual para o grupo de risco do coronavírus”. A nutricionista destaca que a maior vantagem do serviço foi a possibilidade de atender pacientes de outros países. Ela também afirmou que a única dificuldade foi a impossibilidade de aferir as medições físicas de maneira precisa.

A aposentada Rita Rodrigues, de 65 anos, ressaltou a importância do atendimento para isolamento social enquanto perdurar a pandemia. “Essa inovadora modalidade da telemedicina está se revelando de suma importância para a população. No meu caso, fui atendida duas vezes e, apesar da não realização do exame físico, ambas experiências foram tão positivas que pretendo continuar, pelo menos até à imunização pela vacina. Assim, além de estar conversando com meu médico na segurança, posso me sentir mais a vontade no conforto do meu lar”, afirmou. Em relação a qualidade do atendimento virtual, a aposentada disse que nas duas consultas foi mantido o mesmo padrão de atendimento do consultório ou até mais preciso e atencioso.

Tele Coronavírus

Na Bahia foi criado pelo governo estadual o projeto Tele Coronavírus, o Disque 155, que reuniu estudantes de medicina voluntários para atender pessoas remotamente que tivessem sintomas ou dúvidas a respeito da Covid-19. O objetivo era diminuir o número de pessoas nas ruas e assim minimizar a quantidade de casos positivos da doença.

O comerciante José de Almeida, de 39 anos, buscou o atendimento pelo Tele Coronavírus ao suspeitar que estava com a Covid-19. “Em meados de maio, comecei a sentir um cansaço no corpo, falta de ar e muita dor de cabeça. Liguei para o 155 e me impressionei com o ótimo atendimento. Passei primeiro por uma triagem e depois fui atendido por um médico. Eles foram muito atenciosos comigo. Era mais ansiedade o que estava sentindo”, afirmou o comerciante que depois também recebeu ligação de uma psicóloga através do programa Monitora Covid-19, que é um serviço de acompanhamento desses pacientes.

O Tele Coronavírus teve início no dia 24 de março de 2020 e encerrou 31 de julho de 2020, funcionando 12h por dia. Apesar do encerramento do Disque 155, os serviços de atendimento à população continuam, de acordo com a coordenadora do projeto e secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Adélia Pinheiro. “A disponibilidade do Tele Coronavírus permanece através do aplicativo Monitora Covid-19 em articulação com equipes de profissionais de saúde, identificando precocemente casos suspeitos da doença, facilitando o isolamento prévio desses casos e dos que são enquadrados como suspeitos”, disse.

Sob uma possível segunda onda da pandemia na Bahia, a secretária afirmou que a ação não vai retornar por questões técnicas. “Quando começou o Tele Coronavírus, tinha um protocolo que em casos de sintomas leves, deveria permanecer em casa. O Ministério da Saúde mudou esse protocolo no final de julho, informando que pacientes suspeitos de covid-19 procurem unidades de saúde para serem avaliados. Sendo assim, não faz mais sentido hoje em retornar com o serviço porque a orientação é ir a uma unidade de saúde com todas as medidas de segurança”, afirmou a secretária.

Salvador Protege

A pandemia e o isolamento social trouxeram a consolidação dos serviços de atendimento online por parte dos órgãos municipais e estaduais.  Na capital baiana não foi diferente, com a implantação do programa Salvador Protege. O serviço tem a finalidade de utilizar os recursos da telemedicina para o acompanhamento de atenção básica voltado ao combate ao coronavírus e demais patologias.

O primeiro passo do Salvador Protege é identificar a pessoa com sintomas suspeitos de Covid-19 sem complicações. Esse paciente, então, é acolhido e avaliado em uma ala protegida e isolada da Unidade Básica de Saúde (UBS) . Caso não tenha sinais graves da doença, é incentivado o isolamento domiciliar. O acompanhamento é feito de maneira remota a cada 48h, utilizando os recursos da telemedicina. A partir da evolução do caso, pode ser concedida alta médica ou, se houver agravamento do quadro, ser feito o encaminhamento seguro para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

“O que é importante destacar do Salvador Protege é que o programa só não é voltado para pacientes de Covid. A gente faz esse tipo de consulta também para pacientes crônicos, hipertensos, diabéticos, até para diminuir a possibilidade de idas as unidades de saúde. E então estamos investindo na teleconsulta para outros grupos que não são apenas o grupo de pacientes que tenham o novo coronavírus”, informou a enfermeira e referência Técnica do Salvador Protege, Adriana Miranda.

Após a pandemia, o programa vai continuar funcionando como acompanhamento permanente de rotina nas unidades de saúde do município. A comunicação dos profissionais de saúde com os pacientes vai acontecer através de mensagens por celular ou por aplicativo.

A Tarde Online

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