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Ipiaú perde Yvonne Reis

Responsável por uma fascinante obra de caridade, Yvonne Góes Souza Reis faleceu às 6h20 da manhã desta terça-feira (11), no Hospital Geral de Ipiaú.

Ao lado do médico Talma Reis Filho, seu filho

De acordo com com o boletim médico, ela veio a óbito  em função de peneumonia broncoaspirativa. Viúva do advogado Talma Reis, deixa três filhos: o advogado Jaime Reis Neto, o médico Talma Reis Filho e Maria Tereza.

Dona Yvonne com um neto e a filha Maria Tereza Reis

O corpo está sendo velado na Capela do Cemitério da Saudade, também conhecido como Cemitério Velho, onde ocorrerá o sepultamento às 17 horas desta terça.

Conheça a sua história, em texto do Jornalista José Américo Castro.

DONA YVONNE REIS COM UMA TRAJETORIA MARCADA PELA BONDADE
-José Américo Castro-
Aproximando-se dos 94 anos de vida, a senhora Yvonne Góes Souza Reis tem sua vida marcada por atos de bondade.

Solidariedade, beneficência são ações constante na sua existência. Além disso , ela disso ela mantém o grandioso exercício da cidadania.

Esta cidade muito lhe deve e precisa conhecer melhor a sua historia.

Dona Yvonne esteve na retaguarda da Força Expedicionária Brasileira (FEB), costurando roupas para os soldados sobreviventes de um naufrágio em Ilhéus durante a Segunda Guerra Mundial, auxiliou o ex prefeito Euclides Neto a organizar um município que se tornaria “Modelo da Bahia”, deu grande contribuição na construção da atual Igreja Matriz e foi fundadora da Casa da Menor.

Viúva do advogado Talma Reis, mãe de três filhos, avó, bisavó, com uma memória privilegiada, dona Yvonne abriu o leque das suas recordações para que obtivéssemos as informações utilizadas nesta narrativa.

Ela nasceu no dia 3 de outubro de 1926, na localidade de Volta do Rio, em Areia, atual Ubaira, no Vale do Jiquiriçá. Seus pais se chamavam Osório Araujo Souza e Ester Góes.

O casal teve outros quatro filhos.

Yvonne tinha apenas dois anos de idade quando a família mudou-se para o sertão. A viagem até Jequié foi a cavalo e durou três dias. Durante todo o percurso ela esteve acomodada em um panacum.

REVOLUÇÃO E GUERRA
Em Jequié seu Osório montou uma loja de calçados, confecções e produtos importados. Nesse tempo estourou a Revolução de 1930, movimento armado que culminou com o golpe de Estado que conduziu Getúlio Vargas à Presidência da Republica.

A menina Yvonne presenciou cenas que ficaram marcadas para sempre em sua mente. Gente armada, carnificinas, exaltações aos revolucionários…

De Jequié a família seguiu pra Salvador onde seu Osório deu continuidade à sua atividade empresarial, com um estabelecimento de artigos holandeses na Praça Thomé de Souza .

Residindo na Rua da Poeira, próximo ao Campo da Pólvora, Yvonne fez muitas amizades e peraltices. Subia em arvores, jogava bola, aproveitou a infância com intensidade.

Quando era adolescente tornou-se ativista das causas humanistas. Visitava orfanatos, asilos de idosos, manicômios, levando alimentos, remédios e palavras de conforto aos que se encontravam confinados naqueles lugares.

Durante a Segunda Guerra Mundial, conflito militar que durou de 1939 a 1945, Yvonne mostrou seu patriotismo . Engajou-se no movimento das Bandeirantes, versão feminina dos escoteiros, e começou a costurar roupas que eram enviadas aos sobreviventes do navio Jacira, torpedeado , no dia 19 de agosto de 1942, por um submarino alemão U-507, no norte de Ilhéus.

Com a morte de sua mãe, Ester Góes, no ano de 1943, Yvonne assumiu a missão de cuidar dos afazeres domésticos da família e criar os irmãos mais novos.

DO TEATRO AO CASAMENTO
Dona Yvonne conheceu região de Ipiaú conheceu através da sua irmã Valdete que residia em “Tesouras” (atual Ibirataia) e lhe convidava para passar férias no lugar.

Tornou-se amiga das famílias de José Hagge, Manoel Pereira, José Thiara, Osias Fahir e Caju, dentre outras.

A juventude de Tesouras era chegada às artes e logo Yvonne se viu atriz, participou de um grupo de teatro local que se apresentava em cidades e povoados da região.

No palco do Cine Teatro Éden ela participou da encenação da comédia Maria Caxuxa.

Quando a troupe chegava a Ipiaú ficava hospedada na Fazenda Conceição , de dona Zezé (Maria José Lessa). O grupo também organizava festejos que movimentavam a pacata Tesouras.

Os eventos prolongavam-se por muitos dias e, às vezes, eram animados pela orquestra de Mestre Lôla.

Foi em uma dessas festas, no réveillon de 1945 que conheceu e começou a namorar com Talma Reis.

Ele estava convocado para se engajar na tropa brasileiras que combatia na Italia guerra, mas quando estava próximo o dia do embarque a guerra acabou.

A pedido do médico Jaldo Reis, irmão de Talma,Yvonne estimulou o namorado a prosseguir com os estudos.

Talma formou-se em Direito, pela Universidade Federal da Bahia, numa turma que dentre outras celebridades estavam Euclides Neto, Waldir Pires, Joir Brasileiro, Cleriston Andrade e Jurema Pena que viria a se tornar uma das atrizes mais talentosas do Brasil.

O Reitor da UFBa era Edgar Santos e o paraninfo da turma o professor Orlando Gomes.

No dia 7 de fevereiro de 1953 aconteceu o casamento de Talma Reis e Yvonne Góis Souza. Em outubro do mesmo ano nasceu Jaime Reis Neto, o primeiro filho do casal. Depois vieram Talma Reis Filho e Maria Tereza .

Jaime tem dois filhos, Nailin e Thyago, e Talma deu a dona Yvonne sete netos: Ivone, Alice, Talma Neto, Melissa, Mariana, Miguel e Rafael.

Jaime Reis Neto formou-se em Direito, pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL) e milita na Comarca de Ipiaú, enquanto Talma Filho optou pela medicina, graduando-se na Escola Baiana de Medicina.

Rede2D – Redação

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