Ter um ente querido internado em hospital é uma situação por si só estressante e que exige muito das famílias. Com a pandemia da Covid-19 e as exigências de isolamento, esta questão ganhou novos contornos e dificuldades. Os assistentes sociais são os profissionais que mais interagem com as famílias e atendem suas mais diversas demandas. No ICOM, uma equipe de 14 assistentes sociais se reveza em plantões que cobrem 24 horas, 7 dias por semana. Hoje, a maior parte deste contato é feito por telefone.
A coordenadora do Serviço Social do ICOM, Lara Muricy Teles, conta que logo no início da pandemia, quando ainda eram poucos os casos na Bahia, ela buscou conhecer a experiência das equipes dos hospitais de São Paulo e Rio de Janeiro, locais onde a Covid-19 chegou primeiro. A partir desta experiência, foram revistos os protocolos de atendimento pelo grupo do ICOM. A principal alteração foi a necessidade de manter o isolamento social e fazer os contatos por telefone. Lara relata que por causa do distanciamento do paciente, as famílias ficam, naturalmente, muito mais ansiosas e demandam atenção constante.
Apoio às famílias
O Serviço Social é o responsável pela mediação entre a família e o ICOM. A equipe avalia a rede de apoio do paciente e decide, em conjunto com ela, quem será a pessoa responsável por receber o boletim médico diário por telefone. Lara explica que como a informação sobre a pandemia tem sido frequente na mídia, as pessoas têm mais conhecimento, mas isso não tem diminuído a ansiedade e aflição em ver o familiar internado com Covid-19 e isolado de todos. Por isso, a equipe recebeu reforço dos profissionais que atuavam no ambulatório e busca atender a demanda dos familiares dos pacientes do hospital, que tem 168 leitos exclusivos para pacientes Covid-19.
A comunicação de óbito é um momento em que há encontro presencial. Um familiar faz o reconhecimento do corpo e a equipe orienta sobre os protocolos relativos ao sepultamento, com normas sanitárias rígidas, e quanto ao auxílio funeral, que muito desconhecem ter direito.
Acompanhantes
A Covid-19 exige que os pacientes fiquem em isolamento para evitar a contaminação de outras pessoas pelo vírus, mas há casos em que a legislação garante ao paciente, salvo critério médico, o direito a acompanhantes: idosos a partir de 60 anos, crianças e adolescentes com menos de 18 anos e pacientes com deficiência. Os assistentes sociais analisam as especificidades de cada família, e junto com ela e a equipe multidisciplinar, avaliam quem é a melhor pessoa para acompanhar o paciente. Os integrantes do grupo de risco para Covid-19, por exemplo, não podem ser acompanhantes.
Mesmo com a tensão que é manter-se em um ambiente hospitalar onde há inúmeros protocolos para evitar a contaminação por uma doença grave e de fácil disseminação, os familiares, sempre que podem, acompanham seu paciente e ficam frustrados quando têm algum impedimento, como pertencer ao grupo de risco. A troca de acompanhantes, normal em qualquer internação hospitalar, é evitada ao máximo para que menos pessoas corram o risco de sofrer
Exposição à doença.
Lara Muricy destaca que a equipe de assistentes sociais tem trabalhado de forma muito coesa e comprometida com o propósito do ICOM e sente-se gratificada quando recebe comentários das famílias como este registro feito na ouvidoria: “vocês são nossos olhos dentro do hospital, já que não podemos acompanhar nossos familiares neste momento”. Em outro relato para a ouvidoria, e em vídeo enviado à comunicação, Marcos Vinícius Melo, filho do paciente José Cordeiro Rebouças, faz um elogio a toda a equipe do ICOM e a atenção recebida pelos assistentes sociais, em especial ao acolhimento e ao permanente canal de comunicação aberto com a família: “o serviço social me ligou para prestar apoio, esclarecer o fluxo da doença, esclarecendo sobre todos os detalhes da doença”.
Ascom – Sesab