Até escolas foram construídas sobre galerias pluviais de um sistema de macrodrenagem que está defasado há pelos menos 30 anos
Para o leitor da 2D
começar a compreender, aspas para as explicações do portal Saneamento em Pauta:
"O que são as galerias de águas pluviais?
Trata-se do conjunto de tubulações que têm como objetivo captar, transportar e drenar a água da chuva das áreas urbanas até rios, córregos ou canais. A sua instalação e manutenção é de responsabilidade do poder público municipal. Têm papel fundamental na manutenção da infraestrutura de uma cidade. A utilização indevida dessas redes pode trazer diversos problemas para a população, principalmente nas épocas de chuva, em que, comumente, alagamentos acontecem devido à má manutenção ou à incapacidade das galerias pluviais de dar vazão à água.
Ipiaú vive na pré-história quando o tema é macrodrenagem, conforme diagnosticou o engenheiro Gonzaga Peixoto, diretor da empresa GP Engenharia, contratada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) para desenvolver o projeto que vai refundar toda rede da cidade.
Assim se explica porque, sobretudo nestes dezembro de 2021 e 2022, moradores de diversos bairros viram suas casas afundarem em águas, com graves danos materiais.
“Essas águas dos morros desciam para os rios. Como a cidade cresceu muito nos últimos anos. Essas áreas foram todas ocupadas. E hoje essas águas tem enorme de dificuldade de chegar ao Rio de Contas, ainda que ele esteja baixo
“, explica Gonzaga, uma das causas dos alagamentos.
E o mais grave: "Galerias pluviais foram construídas há 30 ou 40 anos. Casas foram construídas em cima de galerias. Até escolas foram construídas sobre essas galerias",
revela Gonzaga Peixoto, atestando a direta contribuição do poder publico municipal, por ação e omissão, para o estrangulamento do sistema de drenagem geral da cidade.
Não bastasse ter se permitido construir residências sobre galerias pluviais, até obras públicas foram erguidas sobre estes canais de escoamento.
E eles estão de tal forma defasados que serão desativados, quando o novo sistema estiver funcionando.
Gonzaga Peixoto
“Não vamos fazer paliativos. Chegou a hora de pegar a cidade como um todo e refazer toda essa rede de macrodrenagem. Vamos começar a desativar essas galerias que estão por debaixo das residências",
Responsabilidade"Acontece que, muitas vezes, é mais interessante para um governante inaugurar praças, calçar ruas(sem projeto de drenagem), fazer eventos, construir casas, do que investir naquilo que chamam de obra enterrada",
diagnostica, cirurgicamente, o engenheiro ambiental Tiago Lima, em artigo para a 2D
, publicado em dezembro do ano passado.
Tiago Lima
Geralmente isso ocorre, porque o mandato de um gestor público dura apenas 4/8 anos, e se a chuva se repetirá daqui a 30 anos, ahh, isso não é problema meu”. “Vou fazer apenas obra que será útil na minha gestão.” O povo tem que passear na praça nova e bater palmas pra mim!” Problemas do futuro, o próximo gestor resolve.
A geógrafa Sarah Andrade, ipiauense, foi às redes sociais e exibiu um vídeo muito esclarecedor sobre o tema. Ela começa por distinguir cheias de alagamentos.
"Alagamento é quando chove e a cidade não aguenta escoar água das chuvas porque tem entupimento de boca de lobo, entupimento de bueiros, entupimento de galerias, por conta do mau redimensionamento da rede de drenagem",
explica. Assista:
Portanto, existem sim responsáveis diretos e específicos por tudo que tem sofrido os moradores de Ipiaú. Corporativamente, a Prefeitura. E, individualmente, quem esteve sentado na cadeira de prefeito, pelo menos, nestes últimos 22 anos.
Depois que o pior, do ponto de vista material, aconteceu, a prefeita buzinou nos ouvidos do então governador Rui Costa (PT) e, com este engenheiro Gonzaga Peixoto, nasce uma esperança.
Mas, retroativamente, alguém tem que responder, pelo menos civilmente, pelas graves omissões, inclusive indenizando as vítimas. É tema para Ministério Público e Poder Judiciário. É B.O
2D