Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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Com o fundo eleitoral gordo, surge à profissão candidato

Servem de trampolim. Se dizem candidatos da terra, mas seus votos apenas ajudam a eleger candidatos de outras regiões

Abrem-se as cortinas. No palco, os apelos bairristas e os discursos inflamados: “Precisamos votar no candidato da terra, nossa região precisa ter um representante”, convocam, no o caso de candidatos a deputado federal e estadual.

Teatro: é exatamente ao contrário. Nada pelos interesses locais e regionais, tudo pelos partidos e seus caciques, em muitos casos.

Antes de tudo, para leitor compreender a engenharia e a quem serve o candidato profissional – que sempre é candidato – precisa conhecer alguns termos típicos da política.

Eleições proporcionais
✔Quociente eleitoral
✔Rabeira

Nas eleições majoritárias, o candidato eleito é aquele que tem mais votos. É assim para eleger o presidente da República, senadores, governadores e prefeitos.

Para eleger deputados federais, estaduais e vereadores, o sistema é proporcional. Cada partido elege um número de candidatos a deputado proporcional ao número total de votos que recebeu em todos os seus candidatos a deputado, além dos votos na própria legenda. Essa é a ideia por trás do Quociente Eleitoral.

Portanto, se o partido não alcançar este quociente eleitoral, o candidato a Deputado federal pode não se eleger mesmo recebendo 100 mil votos.

Por isso, os caciques precisam sair pelas praças eleitorais menores catando candidatos, que jamais vão se eleger, mas o pingado de votos deles vão assegurar que o partido atinja o quociente eleitoral.

Assim, surgem aqueles candidatos batizados no meio político de “rabeiras”. Servem apenas de enchimento – ou de trampolim – para, normalmente, reelegerem os mesmos.

Para os rabeiras, a eleição também pode servir com cacife para uma futura eleição municipal, a depender do seu desempenho.

Além de conspirarem contra qualquer forma de renovação, fazendo os mesmos nomes permanecer no poder como se donos de uma coroa, costumam fazer exatamente ao contrário do que dizem em seus discursos: deixam a sua cidade e sua região sem representatividade, ajudando a eleger quem jamais esteve nela e, nos exercícios de seus mandatos, costumam puxar a sardinha para as suas regiões de origem.

O Fundo Eleitoral

O montante de R$ 4.961.519.777 , destas eleições de 2022, representa a maior soma de recursos já destinada ao Fundo Eleitoral desde a sua criação, em 2017. Os recursos foram distribuídos entre os 32 partidos políticos registrados no TSE.

Vamos a alguns aleatórios exemplos de destinação destes recursos e de candidatos que podem ser apontados, ou prognosticados, como rabeira, no caso da Bahia.

O Vice-prefeito de Cruz das Almas, André Eloy, vai tentar pela segunda vez ser deputado federal. Agora, ele está no PDT. Em 2018, foi candidato pelo MDB e obteve 12.202 votos. O seu partido lhe destinou R$606.400 para a campanha.
Acesse o TSE

Na mesma Cruz das Almas, tenta ser deputado federal o candidato Zé Raimundo, agora pelo PSB. Pelo PDT, ele tentou ser vereador duas vezes, mas não conseguiu, obtendo 491 votos em 2016 e 358 votos em 2020. Recebeu do seu partido R$ 200.000 para fazer campanha.
Acesse o TSE

Enderson Bruno Dos Santos, conhecido como Guinho, é vice-prefeito de Itabuna, eleito pelo Cidadania. Agora, está no União Brasil e é candidato a deputado federal. Para ele, a direção estadual do partido destinou R$900.000. A direção estadual, por sua vez, mandou mais R$116.764,70.
Acesse o TSE

Na mesma Itabuna, o médico Isaac Nery tenta ser deputado federal. Ele está no partido Republicanos e recebeu da sigla R$ 200.000 para custear a sua campanha. Também mudou de partido, estava no Avante em 2020, por onde foi candidato a prefeito e ficou em quinto lugar, com 7.498 votos (7,25% dos votos válidos).
Acesse o TSE

Ainda em Itabuna, o Capitão Azevedo estava no PL em 2020, agora está no PDT. Ele ficou em segundo lugar na disputa para prefeito, com 17.817 votos. Agora, tenta ser deputado federal e o partido lhe destinou R$ 200.000.
Acesse o TSE

Em Ilhéus, Valderico Júnior foi candidato a prefeito em 2020 e ficou em segundo na peleja, com 20.265 votos – 23,50% dos votos válidos. A direção nacional do União Brasil lhe mandou R$ 838.000 e a estadual um complemento de R$ 161.764,70.
Acesse o TSE

Para Roland Lavigne, também candidato a deputado federal e por Ilhéus, o União Brasil mandou recursos vindo do diretório nacional da ordem de R$ 1.000.000. E a estadual contribuiu com R$11.764,70.
Acesse o TSE

Terceiro colocado na disputa para prefeito de Ilhéus em 2020 – com 13.845 votos (16,05%), Cacá Colchões também quer ser deputado federal. Ele recebeu R$ 701.000 do PP.
Acesse o TSE

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