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‘Estamos sendo massacrados por essa política de preços’, diz líder dos caminhoneiros autônomos sobre alta da Petrobras

O novo reajuste de preços da gasolina e do óleo diesel anunciado pela Petrobras nesta sexta-feira (17) deve reforçar o movimento dos caminhoneiros autônomos contra a política de preços da Petrobras. Líderes da categoria criticam o aumentos e acreditam que os impactos no bolso dos brasileiros podem levar a paralisações pontuais no país.

“Estamos sendo massacrados por essa política de preços. O governo pode zerar todos os impostos que a situação não vai mudar”, afirma José Roberto Stringasci, presidente da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil) e coordenador do movimento Soberano Brasil.

A estatal anunciou aumento de 5,2% no litro da gasolina e de 14,2% no do óleo diesel. Os novos preços começarão a valer neste sábado (18). Para Stringasci, os reajustes impactam não apenas os transportadores autônomos e os demais caminhoneiros, mas afetam todos os brasileiros.

“Todos nós pagamos, independente se você tem carro ou não, se tem bicicleta; 70% de tudo que precisamos ao longo do dia é derivado de petróleo e esses reajustes são repassados.”

Ele afirma que a categoria tem se mobilizado para conscientizar a sociedade civil contra a política de preços e acredita que poderá haver paralisações pontuais de caminhoneiros nas próximas semanas, especialmente em estados como a Bahia. “Na Bahia é onde estão sendo mais afetados. Creio que lá vai ter paralisações sim, mas o movimento não é exclusivo da categoria, é da população”, diz ele.

No Sul do país, a situação também aponta para “movimentos espontâneos contra a situação”, segundo Carlos Alberto Litti Dahmer, líder da categoria no Rio Grande do Sul, que faz parte da diretoria da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística).

“Cada vez que essas medidas são tomadas, a situação econômica do país vai deteriorando, tudo em função de querer manter paridade de preços com o mercado internacional para dar dinheiro para acionistas, em detrimento da própria Petrobras e do povo brasileiro”, afirma.

Dhamer diz que, no Rio Grande do Sul, o aumento dos combustíveis deverá ser ainda maior, já que, segundo ele, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) irá subir. “Hoje, é 12% e irá para 17%.”

“Não impacta só na categoria, impacta toda a população brasileira. Atrás desse aumento vem com certeza gás de cozinha. E isso [reajuste] repassado para os fretes, é inflação na veia, no prato do trabalhador, daquele que ainda consegue comer, pois muitos já estão passando fome.”

Procurado, o Ministério da Economia afirmou que não irá comentar. A Petrobras não se manifestou até a publicação deste texto.

O novo reajuste da gasolina ocorre após 99 dias sem aumentos. Com isso, o preço médio do combustível nas refinarias da estatal passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Já o preço do diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O último ajuste ocorreu há 39 dias.

Na quarta (15), o Congresso concluiu a votação de projeto de lei que estabelece um teto para alíquotas do ICMS sobre os combustíveis, que pode reduzir o preço médio da gasolina em R$ 0,657 por litro, segundo projeção do consultor Dietmar Schupp.

Na semana que vem, o Congresso debate a chamada PEC (proposta de Emenda à Constituição) dos Combustíveis, que autoriza o governo a zerar impostos federais sobre a gasolina e compensar estados que se dispuseram a reduzir o ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha.

Cristiane Gercina, Folhapress

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