A GUERRA DE BABEL, O BRASIL RUMO AO DESASTRE
OPINIÃO
*Dilson Araújo
Em A Arte da Guerra, escrita há mais de 2.500 anos, o General-filósofo Sun Tzu destaca a importância de conhecer o inimigo e a si mesmo, o ambiente, os obstáculos e, principalmente, a importância das ações em conjunto, usando várias mentes com o mesmo ideal. Com esses princípios e outras estratégias expostas na referida obra, por longo período Sun Tzu venceu todas as batalhas que comandou.
Hoje, quando o mundo vive uma terrível guerra contra o novo coronavírus, o Brasil caminha na contramão do bom senso e potencializa a catástrofe com a adoção um modelo pernicioso de enfrentamento, retratando uma verdadeira antítese dos ensinamentos de Sun Tzu.
É um cenário sombrio, onde vários grupos “tentam” combater a doença. Porém, mesmo enfrentando um inimigo comum, agem de forma independente e desordenada, sem protocolos ou estratégias conjuntas e sem um comando geral. Esta é a “Guerra de Babel”, onde a falta de entendimento não ocorre em razão da linguagem, mas por conflitos de interesses predominantemente escusos.
“Neste campo de batalha, o combate à doença não é prioridade e não há qualquer preocupação com as terríveis consequências que possam recair sobre o povo brasileiro”
Como agravante, tais grupos, que deveriam estar alinhados, aproveitam a oportunidade para acirrar as disputas políticas locais e, para isso, politizam e instrumentalizam a própria pandemia para sabotagens e agressões mútuas com a finalidade de enfraquecer politicamente uns aos outros.
Neste campo de batalha, o combate à doença não é prioridade e não há qualquer preocupação com as terríveis consequências que possam recair sobre o povo brasileiro, hoje fragilizado e totalmente vulnerável não só à doença, mas principalmente ao comportamento inescrupuloso da classe política, com raríssimas exceções.
É repugnante; É a imposição do interesse de poucos em detrimento do interesse público; É a luta pelo poder a qualquer custo empurrando o Brasil rumo ao desastre.
*Dilson Araújo é analista judiciário do Tribunal de Justiça da Bahia, ex-secretário de Cultura do município de Ipiaú e cineasta