Decisão considerou juiz Marcelo Bretas incompetente para atuar nas ações da Operação Fatura Exposta, que investigou desvios na Secretaria de Saúde de Rio de Janeiro
A decisão da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) desta terça-feira (7) de considerar o juiz Marcelo Bretas incompetente para atuar nas ações da Operação Fatura Exposta derruba pela primeira vez uma condenação contra Sérgio Cabral e abriu brechas para a queda de outros casos envolvendo o ex-governador do Rio de Janeiro.
A Fatura Exposta investigou desvios na Secretaria de Saúde de Rio de Janeiro. Os ministros entenderam que não havia conexão entre os desvios no setor com a corrupção apurada na Secretaria de Obras, alvo da Operação Calicute, primeira ação contra Cabral.
O STF decidiu considerar Bretas incompetente para julgar a Fatura Exposta e determinou a redistribuição do caso. As decisões estão nulas até que o novo juiz analise a convalidação ou não dos atos da 7ª Vara Federal Criminal.
Pelos termos publicados no Supremo, podem se tornar inválidos até mesmo as cautelares de bloqueio de bens dos investigados e o recebimento da denúncia.
Advogados e investigadores viram na decisão uma brecha para derrubar outros casos, já que apenas algumas das 33 ações penais contra Cabral na 7ª Vara, de Bretas, têm relação direta com a Secretaria de Obras.
“A concessão da ordem transcende, entretanto, as operações de saúde, uma vez que, nos fundamentos, os ministros rechaçam as argumentações, até então trazidas pelo MPF e pelo juiz Marcelo Bretas para fixação da sua competência em operações que não envolvam empreiteiras, como o caso da Eletronuclear, Operação Saqueador e Operação Calicute”, afirmou a advogada Patrícia Proetti, que defende Cabral.
A condenação anulada na Fatura Exposta impunha uma pena de 14 anos e 7 meses ao ex-governador, que agora soma 399 anos e 11 meses de prisão em 21 condenações ainda válidas.
A decisão ainda não tem efeito sobre a manutenção da prisão de Cabral.
Os cinco mandados de prisão preventiva contra ele permanecem válidos e exigem alterações mais profundas no entendimento de seu caso para cair.
Por CAMILA MATTOSO
FOLHAPRESS