"Houve uma soltura de água de três vezes maior que a normal, sem o devido e prévio aviso de alarme à população a ser afetada de forma tão abrupta", avalia o arquiteto e urbanista Elson Andrade, em texto provocado pela 2D
Na busca de uma possível resposta, a equipe a 2D mergulhou na Redação, em estudos e avaliações, na busca de uma possível resposta, e, com a colaboração do arquiteto e urbanista Elson Andrade, apresentamos a seguinte indicação.
Segundo boletim 07/22 oficial divulgado no início da tarde desta segunda-feira (26), a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf/Eletrobras), informou que o nível do volume útil do reservatório da Barragem da Pedra, em Jequié, caiu de 93,31% para 90,65% da sua capacidade máxima, dado a redução da vazão de saída de 2.400 m³/s para 1.800 m³/s, quando o normal operacional é de 800 m³/s.
E ainda, que a AFLUÊNCIA (entrada de água) que vinha com uma média diária (pico da recorrência extraordinária) de 3.100 m³/s, desceu ao patamar de 1.590 m³/s. E, portanto, a Chesf passou a reduzir desde as 12h do dia 26, a DEFLUÊNCIA (saída da água) de 2.400 m³/s para 1.800 m³/s, até que nova avaliação de equilíbrio e segurança operacional da barragem, seja refeita e deliberada pelos responsáveis.
Para que o leitor consiga acompanhar o raciocínio, vamos de forma simples, esboçar os cálculos realizados na redação.
Segundo o vídeo postado no YouTube, (vide link abaixo) pela equipe da P.S. Drone de Jequié, (voo 271 de 25/12/2022) naquela data, ainda havia disponível, uma altura de cerca de 6m, para o nível da água atingir o topo do reservatório.
[Lembrando aos leitores mais críticos, que unidade de medida não se conjuga no plural]
Se a área do reservatório é de cerca de 101.000.000 m² (cento e um milhões de metro quadrado – dados oficiais/Chesf), logo, para se atingir o topo do reservatório, seriam necessários 606.000.000 m³ (seiscentos e seis milhões de metro cubico) de água a mais depositados no reservatório.
Dado que a vazão da AFLUÊNCIA (entrada de água) estava no pico em 3.100 m³/s, ou seja, 11.160.000 m³/h (onze milhões e cento e sessenta mil metro cubico por hora), logo, seriam necessárias cerca de 73 horas, com a barragem operando em condições normais, só para o nível do reservatório chegar ao topo, considerando, portanto, 800 m³/s de soltura da água. (Defluência).
Porém, se aumentada a defluência normal dessa barragem, elevando a 1/3 a mais, o tempo de saturação do reservatório seria aumentado para 82 horas, (3,5 dias) tempo aparentemente, suficiente para as chuvas darem uma trégua, amenizada, e assim, teríamos evitado tamanho prejuízo a milhares de pobres cidadão afetados, rio a baixo.
O principal problema é que repentinamente, houve uma soltura de água de 3 vezes maior que a normal, sem o devido e prévio aviso de alarme à população a ser afetada de forma tão abrupta.
Aparentemente, de forma expedita, pode-se crer que o prefeito de Jequié, Zé Cocá, tem sim, fortes indícios de suspeitar de uma possível má gestão, precipitação do agente gestor, imperícia, imprudência… a serem medida, aferida, apurada, avaliada e concluída, via LAUDO PERICIAL duma equipe de especialistas, dado que os prejuízos causados pelo excesso de água liberadas num curto espeço de tempo, foi de consequências e prejuízos bilionários ao conjunto das cidades e pobres moradores, afetados pela repentina cheia (pelo menos a essa nível e rapidez) que possivelmente bateu o Record da enchente de 1964, sem motivo extraordinário aparente. Sequer chovia forte na região do entorno imediato e na própria área abaixo do reservatório.
Quanto ao risco de colapso estrutural da barragem, é bem pouco provável, dado as condições geotécnicas e estruturais, características desta barragem (cravada na rocha e de concreto armado); além dos coeficientes de segurança normalmente adotados nos cálculos de engenharia estrutural, que em alguns itens, dessa área-oficio, chegam a 3.
Dados Considerados da Barragem da Pedra em Jequié
Motivo da existência: aproveitamento hidrelétrico (20.007 kW/h) e contenção de cheias. Localização estratégica: estado da Bahia 18 km a montante da cidade de Jequié/BA, no rio de Contas, 5º mais importante da Bahia.
Rio das Contas: importante curso d’água incluído entre os cinco mais importantes do estado da Bahia, que nasce na vertente leste da Serra das Almas, na Chapada Diamantina e é um dos componentes da “Bacia do Leste”. O qual serve para a regularização das descargas do rio de Contas, num ponto onde a área de drenagem é de 38.720 km2, criando um reservatório de acumulação de 1.750 hm3. Foi construída sobre rocha sã encontrada a mais ou menos 10 metros sob o leito do rio. O aproveitamento visa, além da regularização do rio para o controle das enchentes, abastecimento d’água, irrigação agrícola e geração de energia elétrica.
A bacia hidrográfica do rio de Contas tem uma área da ordem de 53.000 km2 dos quais, três quartas partes acham-se situadas no "Polígono das Secas". A parte restante atravessa zona de matas da região cacaueira. Com uma extensão de pouco mais de 500 Km, apresenta desde a nascente até sua foz em Itacaré, uma queda de 615 m.
O represamento da Pedra é feito por uma barragem do tipo de peso aliviado, constituída por monolitos de cabeça de martelo com cavidade interna. É composta de 24 blocos dos quais os sete blocos centrais (de No 12 a 18) são vertentes, com crista na cota 219,00 m, dotados de sete comportas de setor de 9,0 metros de altura por 12,50 metros de vão.
Proprietário | CHESF | ||
Início Obras | 09/76 | ||
Início Operação | 11/78 | ||
Potência instalada | 20.007 kW/h | ||
Nível Montante (m) | 205 | 225 | 228 |
Nível Jusante (m) | 179 | 180 | 193 |
Queda (m) | 25 | 45 | 49 |
O coroamento da barragem é na cota 232,00 m. O muro de contenção da margem esquerda é do tipo misto de alvenaria de pedra seca, reforçado por concreto levemente armado, na margem direita, o muro de contenção é de concreto e separa o dissipador de energia do conjunto descarregador de fundo da Usina hidrelétrica.
Reservatório Considerado: | |
Área do reservatório | 101 km2 |
Volume total do reservatório | 1.640 Hm3 |
Volume útil do reservatório | 1.305 Hm3 |
Extensão do reservatório | 45 km |
Nível máximo | 231,30 m |
Nível máximo operativo normal | 228,00 m |
Nível mínimo operativo normal | 208,00 m |
A energia gerada é transmitida por uma subestação elevadora com 01 transformador de 26 MVA, que eleva a tensão de 13,8 kV para 69 kV. A partir desse ponto é feita a conexão com o sistema de transmissão da CHESF através da Subestação de 69 kV, que se interliga com a SE – Funil 69 kV, passando a exercer um importante papel de reforço no suprimento de energia ao próprio regional de Funil.
Elson Andrade é arquiteto, urbanista, empresário e pós-graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp