Quinta-feira, Novembro 21, 2024
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Foi mesmo questão de desorganização da Chesf o motivo da surpreendente enchente do Rio das Contas, como sugere o prefeito de Jequié?

"Houve uma soltura de água de três vezes maior que a normal, sem o devido e prévio aviso de alarme à população a ser afetada de forma tão abrupta", avalia o arquiteto e urbanista Elson Andrade, em texto provocado pela 2D

Na busca de uma possível resposta, a equipe a 2D mergulhou na Redação, em estudos e avaliações, na busca de uma possível resposta, e, com a colaboração do arquiteto e urbanista Elson Andrade, apresentamos a seguinte indicação.

Segundo boletim 07/22 oficial divulgado no início da tarde desta segunda-feira (26), a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf/Eletrobras), informou que o nível do volume útil do reservatório da Barragem da Pedra, em Jequié, caiu de 93,31% para 90,65% da sua capacidade máxima, dado a redução da vazão de saída de 2.400 m³/s para 1.800 m³/s, quando o normal operacional é de 800 m³/s.

E ainda, que a AFLUÊNCIA (entrada de água) que vinha com uma média diária (pico da recorrência extraordinária) de 3.100 m³/s, desceu ao patamar de 1.590 m³/s. E, portanto, a Chesf passou a reduzir desde as 12h do dia 26, a DEFLUÊNCIA (saída da água) de 2.400 m³/s para 1.800 m³/s, até que nova avaliação de equilíbrio e segurança operacional da barragem, seja refeita e deliberada pelos responsáveis.

Para que o leitor consiga acompanhar o raciocínio, vamos de forma simples, esboçar os cálculos realizados na redação.

Segundo o vídeo postado no YouTube, (vide link abaixo) pela equipe da P.S. Drone de Jequié, (voo 271 de 25/12/2022) naquela data, ainda havia disponível, uma altura de cerca de 6m, para o nível da água atingir o topo do reservatório.

[Lembrando aos leitores mais críticos, que unidade de medida não se conjuga no plural]

Se a área do reservatório é de cerca de 101.000.000 m² (cento e um milhões de metro quadrado – dados oficiais/Chesf), logo, para se atingir o topo do reservatório, seriam necessários 606.000.000 m³ (seiscentos e seis milhões de metro cubico) de água a mais depositados no reservatório.

Dado que a vazão da AFLUÊNCIA (entrada de água) estava no pico em 3.100 m³/s, ou seja, 11.160.000 m³/h (onze milhões e cento e sessenta mil metro cubico por hora), logo, seriam necessárias cerca de 73 horas, com a barragem operando em condições normais, só para o nível do reservatório chegar ao topo, considerando, portanto, 800 m³/s de soltura da água. (Defluência).

Porém, se aumentada a defluência normal dessa barragem, elevando a 1/3 a mais, o tempo de saturação do reservatório seria aumentado para 82 horas, (3,5 dias) tempo aparentemente, suficiente para as chuvas darem uma trégua, amenizada, e assim, teríamos evitado tamanho prejuízo a milhares de pobres cidadão afetados, rio a baixo.

O principal problema é que repentinamente, houve uma soltura de água de 3 vezes maior que a normal, sem o devido e prévio aviso de alarme à população a ser afetada de forma tão abrupta.

Aparentemente, de forma expedita, pode-se crer que o prefeito de Jequié, Zé Cocá, tem sim, fortes indícios de suspeitar de uma possível má gestão, precipitação do agente gestor, imperícia, imprudência… a serem medida, aferida, apurada, avaliada e concluída, via LAUDO PERICIAL duma equipe de especialistas, dado que os prejuízos causados pelo excesso de água liberadas num curto espeço de tempo, foi de consequências e prejuízos bilionários ao conjunto das cidades e pobres moradores, afetados pela repentina cheia (pelo menos a essa nível e rapidez) que possivelmente bateu o Record da enchente de 1964, sem motivo extraordinário aparente. Sequer chovia forte na região do entorno imediato e na própria área abaixo do reservatório.

Foto aérea da Barragem da pedra extraída do Google Earth Pro

Quanto ao risco de colapso estrutural da barragem, é bem pouco provável, dado as condições geotécnicas e estruturais, características desta barragem (cravada na rocha e de concreto armado); além dos coeficientes de segurança normalmente adotados nos cálculos de engenharia estrutural, que em alguns itens, dessa área-oficio, chegam a 3. 

Dados Considerados da Barragem da Pedra em Jequié

Motivo da existência: aproveitamento hidrelétrico (20.007 kW/h) e contenção de cheias. Localização estratégica: estado da Bahia 18 km a montante da cidade de Jequié/BA, no rio de Contas, 5º mais importante da Bahia.

Rio das Contas: importante curso d’água incluído entre os cinco mais importantes do estado da Bahia, que nasce na vertente leste da Serra das Almas, na Chapada Diamantina e é um dos componentes da “Bacia do Leste”. O qual serve para a regularização das descargas do rio de Contas, num ponto onde a área de drenagem é de 38.720 km2, criando um reservatório de acumulação de 1.750 hm3. Foi construída sobre rocha sã encontrada a mais ou menos 10 metros sob o leito do rio. O aproveitamento visa, além da regularização do rio para o controle das enchentes, abastecimento d’água, irrigação agrícola e geração de energia elétrica.

A bacia hidrográfica do rio de Contas tem uma área da ordem de 53.000 km2 dos quais, três quartas partes acham-se situadas no "Polígono das Secas". A parte restante atravessa zona de matas da região cacaueira. Com uma extensão de pouco mais de 500 Km, apresenta desde a nascente até sua foz em Itacaré, uma queda de 615 m.

O represamento da Pedra é feito por uma barragem do tipo de peso aliviado, constituída por monolitos de cabeça de martelo com cavidade interna. É composta de 24 blocos dos quais os sete blocos centrais (de No 12 a 18) são vertentes, com crista na cota 219,00 m, dotados de sete comportas de setor de 9,0 metros de altura por 12,50 metros de vão.

ProprietárioCHESF
Início Obras09/76
Início Operação11/78
Potência instalada20.007 kW/h
Nível Montante (m)205225228
Nível Jusante (m)179180193
Queda (m)254549

O coroamento da barragem é na cota 232,00 m. O muro de contenção da margem esquerda é do tipo misto de alvenaria de pedra seca, reforçado por concreto levemente armado, na margem direita, o muro de contenção é de concreto e separa o dissipador de energia do conjunto descarregador de fundo da Usina hidrelétrica.

Reservatório Considerado:
Área do
reservatório
101 km2
Volume total
do reservatório
1.640 Hm3
Volume útil
do reservatório
1.305 Hm3
Extensão do
reservatório
45 km
Nível máximo231,30 m
Nível máximo
operativo normal
228,00 m
Nível mínimo
operativo normal
208,00 m

A energia gerada é transmitida por uma subestação elevadora com 01 transformador de 26 MVA, que eleva a tensão de 13,8 kV para 69 kV. A partir desse ponto é feita a conexão com o sistema de transmissão da CHESF através da Subestação de 69 kV, que se interliga com a SE – Funil 69 kV, passando a exercer um importante papel de reforço no suprimento de energia ao próprio regional de Funil. 

 Elson Andrade é arquiteto, urbanista, empresário e pós-graduado pelo Instituto de Economia da Unicamp

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