“Não adianta porque não apaga a história”, disse o sobrinho do ex-deputado Luís Eduardo Magalhães e Neto do ex-governador Antonio Carlos Magalhães.
“A Secretaria de Educação do Estado da Bahia devia estar preocupada em mudar a realidade da educação na Bahia, que é uma das piores do Brasil”. A declaração foi feita pelo prefeito ACM Neto durante a inauguração da nova orla da Boa Viagem, nesta quinta-feira (24), e foi uma resposta à portaria do governo Rui Costa que trocou o nome de seis escolas públicas.
Quatro dos seis colégios faziam homenagens ao ex-deputado Luís Eduardo Magalhães (1955-1998) e ao ex-senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007), tio e avô do prefeito ACM Neto, respectivamente. As portarias foram publicadas no Diário Oficial do Estado no dia 23, assinadas pelo secretário de Educação, Jerônimo Rodrigues. As mudanças já passaram a valer.
O antigo Colégio Estadual Governador Antonio Carlos Magalhães, no município de Várzea da Roça, virou Colégio Estadual Professora Adélia Mendes. É uma escola em tempo integral com ensino médio e profissionalizante.
As outras três escolas eram chamadas Colégio Estadual Luís Eduardo Magalhães. A unidade de Boquira foi rebatizada de Colégio Estadual de Boquira e é uma das duas escolas da rede do estado no município. A instituição oferta ensino médio e ensino profissionalizante.
Único da rede estadual em Malhada, o antigo Colégio Estadual Luís Eduardo Magalhães, atual Colégio Estadual Rosalvo Oliveira Souza, oferta ensino médio, segundo o site da Secretaria de Educação da Bahia (SEC). Em Fátima, a unidade agora se chama Colégio Estadual Paulo Freire.
Em Uauá, o Colégio Estadual Coronel Jerônimo Rodrigues Ribeiro virou Colégio Estadual Integração Lagoa do Pires.
O nome do Colégio Estadual Governador Roberto Santos, em Paripiranga, também foi alterado para Colégio Estadual Doutor José Carlos Bezerra de Carvalho. Essa é a única das mudanças seguida de uma explicação publicada na portaria. Segundo o texto, a alteração atende a uma recomendação do Ministério Público, que trata da “adequação dos nomes das escolas da Rede Pública Estadual de Ensino aos Princípios de Impessoalidade e Moralidade, com a retirada dos nomes de pessoas vivas”.
‘Memória do povo baiano’
O prefeito de Salvador destacou a importância dos antigos homenageados. “Não adianta porque esse ato não apaga a história, não compromete a memória do povo baiano”, disse ACM Neto.
Luís Eduardo Magalhães foi presidente da Câmara dos Deputados entre 1995 e 1997. Ele foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1987. Antes, foi deputado estadual e presidiu a Assembleia Legislativa da Bahia.
O pai dele, Antonio Carlos Magalhães, até hoje é citado no meio político como senador, já que foi presidente do Senado entre 1997 e 2001. Antes, foi ministro das Comunicações, governador da Bahia três vezes e prefeito de Salvador.
Durante as críticas à decisão da SEC, ACM Neto lembrou um episódio que aconteceu em 2019, quando um vereador do partido Democratas, a legenda do prefeito, propôs alterar o nome de uma escola que homenageia o educador Paulo Freire por José Bonifácio. A matéria foi aprovada pela Câmara Municipal de Salvador, mas barrada pelo Executivo. Na época, ACM Neto argumentou que decisões da esfera pública não poderiam ser tomadas a partir de posturas ideológicas.
Hoje, ele foi veemente ao dizer que o governo do estado não se preocupou com a educação dos baianos. “Eu me pergunto como é que um governo que, infelizmente, eu falo isso com o coração doído como cidadão, transformou a educação da Bahia na pior do Brasil, como é que um governo que fez isso dedica tempo e energia a uma atitude política pequena e mesquinha”, disse Neto.
Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, divulgados pelo Ministério da Educação, mostraram que a Bahia teve o terceiro pior desempenho do Brasil entre os alunos do ensino médio. A nota de 3,5 só não foi pior que a dos estudantes do Amapá e do Pará (3,4) e está longe da meta estipulada em de 4,5. A média nacional foi 4,2.
Procurada, a SEC não se pronunciou.
Bahia abaixo da média nacional em matemática
Se a educação na Bahia não vai bem o ensino da matemática é a prova disso. Na escala de mil pontos permitida pelo sistema de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) os baianos conseguiram apenas 500 na última edição da prova. O desempenho foi mais baixo que a média nacional na disciplina, de 523 pontos.
Apesar de não ser a matéria com a média mais baixa da Bahia, posto ocupado pela prova de ciências da natureza com média de 464 pontos, a prova de matemática deixa os alunos para trás em relação ao resto do país. A deficiência em uma disciplina que é considerada a base para o desenvolvimento de qualquer conhecimento específico preocupa educadores, pais e estudantes, como foi apontado pelo CORREIO em matéria publicada no dia 2 de dezembro.
Colocando lado a lado as notas, a diferença entre Bahia e Brasil é de 23 pontos, uma diferença maior inclusive do que a encontrada nas provas de ciências da natureza, onde as médias do estado e do país ficam em 464 e 477, respectivamente.
Colégios que tiveram nomes alterados
Em Várzea da Roça: De Governador Antonio Carlos Magalhães para Professora Adélia Mendes
Em Boquira: De Luís Eduardo Magalhães para Colégio Estadual de Boquira
Em Malhada: De Luís Eduardo Magalhães para Rosalvo Oliveira Souza
Em Fátima: De Luís Eduardo Magalhães para Paulo Freire
Em Uauá: De Coronel Jerônimo Rodrigues Ribeiro para Integração Lagoa do Pires
Em Paripiranga: De Governador Roberto Santos para Doutor José Carlos Bezerra de Carvalho.
Por Correio 24 Horas – Redação