Wellington Ferreira, mas pode chamar de Amado Cigano, ou, ainda, o “policial cantor”. Neste sábado (30/1), ele “viralizou” nos grupos de WhatsApp, graças a um vídeo cantando, fardado, a música “Folha Seca”, do ídolo Amado Batista. A situação ocorreu na noite dessa sexta-feira (29) e, ao Aratu On, ele afirmou que não esperava a repercussão.
“Eu e um colega estávamos com a viatura parada, em Itapuã, dando apoio, e descemos para comprar uma água. Quando tirei a máscara para beber, me reconheceram e me pediram para cantar”, contou Ferreira. Sim. Reconheceram porque, há aproximadamente dois anos, ele concilia a carreira na Polícia Militar (PM) com a música, com direito a shows, lives e dois CDs.
“Eu não quis que pensassem que eu iria recusar por estar fardado. Tentei desconstruir essa imagem da ‘polícia opressora'”, disse. “A música veio para mim como uma ‘válvula de escape’; é minha terapia. Vejo muitos colegas passando por situações complicadas, de depressão e até suicídio, então sempre quis ser força, talvez até inspiração”, completou Ferreira, revelando que outros policiais também passaram a cantar, depois dele.
🎤 'Amado Cigano': conheça a história do policial cantor que 'viralizou' nas redes sociais ao cantar música de Amado Batista.
— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) January 30, 2021
Veja em: https://t.co/797PXLnWUU pic.twitter.com/63n0M5GEcL
REFERÊNCIAS
Lotado na 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Nordeste de Amaralina), com 11 anos de atuação, Wellington, de 40 anos, foi baleado no braço, em 2018, durante uma emboscada feita por criminosos. Algum tempo depois, começou a se dedicar à música. “Passei por momentos difíceis”, confessou.
Quando a arte chegou, então, ele optou pelo nome artístico que lhe trazia referências. “Amado”, porque cresceu ouvindo Amado Batista com os pais, e “Cigano” pela origem cigana da mãe. “Não fui criado com os costumes ciganos, mas quis trazer isso”, disse Wellington, que nasceu em Itabuna e cresceu em Nazaré das Farinhas, a cerca de 80 quilômetros de Salvador.
PANDEMIA
Antes da pandemia de Covid-19, Amado Cigano fazia shows nos seus momentos de folga. Os CDs que gravou, inclusive, com interpretações de canções do ídolo, volumes I e II, tiveram uma ajuda especial, de um amigo lá de Nazaré das Farinhas, o irmão do jogador Vampeta, ex-Seleção Brasileira. “Me deu uma força!”, lembrou.
Contudo, com as restrições impostas pelo coronavírus, a agenda diminuiu. “Já tive banda com oito músicos, mas agora está difícil. Eu tenho outro lado para me sustentar, mas e os que não têm?”, questionou Wellington.
No YouTube é possível ver algumas apresentações do Amado Cigano, como a live abaixo. Para acompanhá-lo nas redes sociais, clique aqui.
M TEMPO
No início da tarde deste sábado, uma nota assinada por policiais militares informava o afastamento de Wellington das funções, o que chamaram de “injustiça”:
“Dois pesos, duas medidas.
SD da Policial Militar da Bahia é afastado da operação Apolo por interação com a comunidade.
O episódio ocorreu na noite de sexta feira (29) na região de Itapuã. Os PMs pararam para comprar e tomar água. Foi quando um fã reconheceu o pm, que nas horas vagas costuma cantar, e pediu para cantar um trecho de uma música.
O que causa indignação por parte de alguns praças foi o colega ter sido excluído da operação.
Tal situação não ocorreu, por exemplo, em momentos de descontração semelhantes com oficiais da corporação como demonstrado em vídeos de ampla divulgação. #pmba #operaçãoapolo #apolo #injustiça”.
Procurado novamente pelo Aratu On, Wellington falou que a situação foi resolvida: “A princípio, temos que responder aos nossos superiores, mas ja foi tudo resolvido, graças a Deus”.
Transcrito do site Aratu Online