“Substitui a vida das pessoas por disputa política ou ideológica. Ou má vontade burocrática. Não sei que nome dar a isso”
Em meio a disputa judicial para garantir que a Bahia e os demais Estados possam importar e distribuir vacinas contra a Covid-19 com certificação internacional, o governador Rui Costa (PT) acusou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de atuar com “má vontade” na análise de aprovação emergencial dos imunizantes.
Em entrevista concedida nesta sexta-feira (22) ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, Rui lamentou a demora para a liberação do uso da Sputnik V, vacina russa que foi a primeira registrada no mundo e que a Bahia possui contrato que garante o recebimento de até 50 milhões de doses.
A vacinação com a Sputnik V já foi iniciada em diversos países, inclusive vizinhos, como Argentina, que imunizou 700 mil pessoas com a vacina e deve receber mais 4 milhões de doses. A Anvisa, contudo, colocou como condição para aprovação que os estudos também fossem realizados no Brasil.
“Não entendemos muito bem a razão dessa exigência, uma vez que estamos em plena pandemia. Se em todos os países do mundo fossem exigir que em cada país seja feito o teste, vamos levar muito tempo para imunizar a população mundial. Mas, de qualquer forma, o laboratório já se dispôs a fazer isso, já protocolou na Anvisa. Infelizmente a gente percebe um ritmo da burocracia e não o necessário para salvar as vidas humanas”, afirmou Rui Costa.
De acordo com ele, o Estado teve acesso aos documentos que a farmacêutica União Química enviou para a Anvisa, formalizando o pedido para realizar os estudos no Brasil. Diante da disputa com a agência, o governador ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir o uso de vacinas sem a aprovação da Anvisa, mas desde que haja certificação internacional. O caso está sendo analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski.
“A burocracia está valendo mais que vidas humanas. A passo de tartaruga e má vontade que a Anvisa vai analisando a liberação de vacinas no Brasil”, disse Rui, lembrando que, no início da pandemia, a agência chegou a proibir que a Bahia medisse a temperatura de passageiros em aeroportos.
Na época, o Estado recorreu à Justiça para continuar com aferindo a temperatura de visitantes, mas a agência conseguiu uma liminar arguindo que a competência era do governo federal, não do estadual. “A Anvisa fez? Não fez. Nem fez e nem deixou o Estado fazer. O que é isso, senão a substituição da saúde das pessoas por disputa política ou ideológica? Ou má vontade burocrática. Não sei que nome dar a isso”, disse o governador à TV Bahia.
Sobre a Sputnik, o governador reforçou que o contrato envolve a aquisição de 10 milhões de doses para o Brasil, sendo possível produzir no país cerca de 8 milhões de doses por mês. “Acho que temos que utilizar não só um ou dois tipos de vacinas. Temos que ampliar com rapidez. Caso isso não aconteça, nem ao final de 2021 teremos cenário de imunização no Brasil”, disse Rui Costa.
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