Autoridades francesas emitiram orientações alertando contra o uso de máscaras de tecido, caseiras ou feitas por pequenos fabricantes. Na Alemanha, o uso de máscaras de tecido auto-costuradas passou a ser proibido no transporte público, escritórios e lojas, com uso obrigatório de máscaras cirúrgicas
O conselho consultivo de saúde da França (Haute Conseil de la Santé Publique HCPS) alterou sua recomendação ao público para o uso de máscaras faciais.
Embora ainda não tenha publicado oficialmente, o conselho confirmou sua nova posição sobre máscaras caseiras para a imprensa francesa, depois que a nova recomendação foi antecipada no La Voix du Nord na segunda-feira (18).
No fim de semana, Didier Lepelletier, copresidente do grupo de trabalho covid do HCPS, e seus colegas decidiram que as máscaras de tecido, preferidas por muitos porque podem ser reutilizadas, não garantem filtragem suficiente.
A decisão ocorre após o surgimento das variantes inglesas, sul-africanas e brasileiras mais contagiosas do SARS-CoV-2.
“Máscaras de categoria 2 ou máscaras de tecido filtram apenas 70%, enquanto as categorias 1, como máscaras cirúrgicas, vão até 90%. Como a variante é mais transmissível, faz sentido usar máscaras com maior poder de filtragem”, explicou Daniel Camus, do Institut Pasteur de Lille, que faz parte do HCSP.
As máscaras são obrigatórias em todos os espaços públicos fechados na França, bem como nas ruas de cerca de 400 vilarejos e cidades, mas a orientação atual do governo é uma máscara cobrindo totalmente o nariz e a boca, sem distinção entre máscaras de tecido ou cirúrgicas, embora as empresas possam impor condições.
O Ministro da Saúde, Olivier Véran, na manhã desta terça-feira (19), anunciou o novo entendimento.
“As máscaras artesanais que se fazem em casa, com as melhores intenções do mundo, respeitando as recomendações oficiais, não oferecem necessariamente todas as garantias necessárias”, disse Véran ao France Inter.
O problema com as máscaras de tecido é que seu nível de proteção dependerá em grande parte do tecido utilizado, da espessura e da habilidade do fabricante.
Desde março, um grande número de pequenas empresas na França começou a fabricar máscaras faciais que, muitas vezes atraentes visualmente, não têm a espessura e as camadas de tecido necessárias para oferecer filtragem adequada.
A recomendação do HCPS é usar uma máscara de categoria 1, em vez de uma categoria 2.
Máscaras de categoria 2 são aquelas que comprovadamente filtram mais de 70 por cento. Conhecidas como “masques du grand public”, são na maioria as máscaras de tecido que foram recomendadas ao público em geral na primavera europeia passada.
Máscaras de categoria 1 são aquelas que filtram mais de 90 por cento das partículas. Inclui as máscaras de filtro FFP2, as máscaras cirúrgicas azuis descartáveis e certos tipos de máscaras de tecido que atendem às especificações.
Lepelletier desaconselha a compra de máscaras FFP2 – as que oferecem maior filtragem – pois perdem a eficácia quando usadas incorretamente. Os profissionais de saúde, para as quais essas máscaras se destinam, são treinados para usá-las corretamente.
A capacidade de filtragem das máscaras cirúrgicas azuis geralmente é superior a 90 por cento, porém recomenda-se verificar na embalagem o nível de filtração. Deve-se também observar se cumprem norma aprovada oficialmente, consoante tenham sido produzidos na Europa (EN14682), nos EUA (ASTM F2100-19, nível 1, 2 e 3) ou na China (AA 0469-2011).
O problema com as máscaras de tecido produzidas em quantidade é que a maioria não informa o nível de filtragem. Elas precisam de um rótulo informando que filtram mais de 90 por cento ou estão em conformidade com os níveis da categoria 1. Se não tiverem um rótulo – e a maioria das produzidas em pequenas empresas na França não tem – então não pode ser garantido que tenham o nível adequado de filtragem. As máscaras de tecido que atendem às especificações da categoria 1 também devem incluir quantas vezes podem ser lavadas antes de serem descartadas.
Máscaras caseiras
Embora muitas pessoas tenham gostado de fazer suas próprias máscaras, às vezes combinadas com roupas, agora elas são totalmente desaconselhadas.
O HSPC afirma que mesmo as máscaras feitas por pessoas que seguem as especificações da AFNOR (Association Française de Normalisation) não garantem o nível adequado de proteção.
Máscaras para leitura labial
Um número cada vez maior de varejistas estoca máscaras com visores para ajudar as pessoas com problemas auditivos a lerem os lábios. Estas são geralmente máscaras de tecido com um painel central de plástico, portanto, as mesmas regras se aplicam a outros tipos de máscaras de tecido.
Protetores faciais
Os protetores faciais de plástico nunca foram aceitos como proteção na França e o usuário pode ser multado se usá-lo sem uma máscara facial.
Alemanha
De acordo com informações da Spiegel, os governos federal e estadual decidiram que “será introduzida a obrigação de usar máscaras médicas nos transportes públicos”. São as chamadas máscaras cirúrgicas e do tipo KN95 ou FFP2.
Máscaras com diferentes padrões de proteção ou máscaras de tecido auto-costuradas não serão mais permitidas em ônibus e trens ou ao fazer compras.
Para empregos em que o teletrabalho não é uma opção, o uso de máscaras médicas também será obrigatório se não for possível manter um distanciamento adequado.
A Baviera tornou esta semana as máscaras FFP2 obrigatórias nos transportes públicos e nas lojas. No entanto, as regras nacionais parecem destinadas a incluir outras máscaras médicas além dos tipos FFP2, que podem ser mais caras. (Frontliner)
* Com informações The Local, La Voix du Nord, France Inter, Der Spiegel
Autoridades europeias proíbem o uso de máscaras de pano
— Rádio Bandeirantes (@RBandeirantes) January 21, 2021
Informações com o correspondente Felipe Kieling (@felipekieling)#RádioBandeirantes #TradiçãoNoRádio pic.twitter.com/0WELsT3CE0