O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), garantiu ao senador Jaques Wagner (PT) que a direção do partido na Bahia tem total autonomia para retornar à base do governo baiano. O cacique pepista teria descartado qualquer possibilidade de interferência “de cima para baixo” se a aliança for fechada, apesar do posicionamento contrário do secretário de Governo da Prefeitura de Salvador, Cacá Leão, que é presidente da sigla na capital e tem trânsito junto ao próprio Ciro, por ter sido deputado federal.
Segundo apuração do Política Livre, os dois senadores conversaram no início desta semana sobre o assunto, em Brasília. O tema também foi pauta de um diálogo que eles tiveram há cerca de um mês. O PP deve confirmar, de forma institucional, o apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) após o Carnaval.
Em novembro de 2024, o site já havia revelado com exclusividade que, apesar de se colocar nacionalmente como opositor do PT, Ciro havia dado sinal verde ao presidente do PP baiano, deputado federal Mário Negromonte Júnior, para costurar uma aliança com Jerônimo. A avaliação é que esse é o caminho para a sigla se fortalecer em 2026 nas disputas proporcionais.
A partir de então, emissários do governador e de Mário Júnior iniciaram as articulações. Fontes dos dois lados garantem que o martelo já está batido, faltando um posicionamento institucional da cúpula pepista e o anúncio oficial. Como também revelou com exclusividade o site, o PP ficará com o comando da Secretaria de Planeamento (Seplan) e do Detran.
As duas estruturas serão entregues pelo governador com a “porteira fechada”, de acordo com as mesmas fontes. Caberá ao deputado federal Cláudio Cajado (PP) indicar o titular da Seplan. Os cotados são a esposa do parlamentar, Andréia Xavier, ex-prefeita de Dias D’Ávila, e o ex-vereador de Santo Amaro Edson Antonio de Souza Pinto, mais conhecido como Binho, assessor político do deputado. Hoje, a pasta é capitaneada por Cláudio Ramos Peixoto, remanescente do governo Rui Costa (PT).
Para o Detran, cujo atual diretor-geral é Rodrigo Pimentel, também remanescente do governo Rui Costa, a indicação será de Mário Júnior. O favorito é Gilvan Lima, ex-diretor de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento (Cerb) e primo do presidente do PP baiano.
Pelo acordo que está sendo desenhado com o governo, o PP também irá indicar as demais diretorias e coordenadorias do órgão estadual de trânsito. Atualmente, os pepistas comandam duas diretorias (Veículos e Habilitação), por indicação dos deputados estaduais Niltinho (PP) e Eduardo Salles (PP) – a bancada da legenda na Assembleia está na base de sustentação de Jerônimo desde o início da gestão, em 2023.
Jerônimo Rodrigues ainda terá uma conversa direta com Mário Júnior para formular o convite visando atrair o PP institucionalmente para a base aliada, o que deve ocorrer até março. Após esse encontro, o comandante do ninho pepista vai consultar a Executiva estadual da sigla sobre a adesão ao Palácio de Ondina.
Apesar de haver resistências, a maioria da direção do PP é a favor da adesão ao governo, retomando o “casamento” com o PT, rompido pouco antes do pleito de 2022. Essa também é a posição da maioria dos prefeitos do partido. Até mesmo Zé Cocá, de Jequié, maior município governado por um pepista na Bahia e que apoiou ACM Neto (União) na última eleição estadual, já abriu diálogo com Jerônimo.
Quem deseja que o PP siga no grupo de ACM Neto é Cacá Leão e o deputado federal João Leão, além do secretário-geral da legenda na Bahia, Jabes Ribeiro, ex-prefeito de Ilhéus. O posicionamento é o mesmo dos cinco vereadores eleitos pela legenda na capital, apesar dos sinais recentes de insatisfação com Bruno Reis e com Cacá Leão dos edis Maurício Trindade e Sidninho.
Política Livre
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