Dois tribunais superiores e ao menos quatro ministérios fizeram publicações no X (ex-Twitter) mesmo após a rede social ter sido suspensa no Brasil por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na sexta-feira (30).
Procurados, os órgãos afirmaram que as postagens estavam programadas antes de a plataforma ter sido bloqueada e que desconhecem o motivo de elas terem sido efetivamente publicadas mesmo após o X sair do ar no país.
Em consulta ao X em Washington (EUA), a reportagem identificou mensagens publicadas na rede social neste final de semana por TSE (Tribunal Superior Eleitoral), TST (Tribunal Superior do Trabalho), além dos ministérios do Turismo, Portos e Aeroportos, Transportes e Desenvolvimento Regional.
O TSE fez uma postagem no sábado e também neste domingo (1º) com conteúdo de serviço ligado às eleições.
Ainda no sábado (31), uma nota publicada no site oficial da corte afirma que o TSE “não faz mais uso das funcionalidades da plataforma X”.
“O conteúdo publicado naquela plataforma neste sábado (31), às 8h – horário de Brasília – sobre o sistema DivulgaCand Contas decorreu de agendamento, anterior àquela suspensão. Com a suspensão da rede social, não foi possível cancelar este agendamento nem outro, sobre o e-Título, programado para amanhã (1º)”, informou o tribunal. A corte ainda frisou que “acata decisão judicial, que pode ser questionada pelas vias próprias, mas há de ser cumprida por todas as pessoas”.
O TST publicou uma postagem na rede sobre pronunciamentos de magistrados durante um evento sobre a primeira infância e, à reportagem explicou que “utiliza a ferramenta de agendamento de posts disponibilizada pelo próprio X para programar a publicação de conteúdos para o fim de semana”.
“Antes da suspensão da rede, alguns conteúdos haviam sido agendados. O Tribunal não conseguiu acessar mais o perfil após a suspensão para cancelar as publicações agendadas. Também desconhece o motivo de os conteúdos agendados por meio da plataforma terem sido publicados mesmo a rede estando suspensa no Brasil”, informaram.
O Ministério dos Portos publicou uma postagem no qual exalta um modelo de avião da Boeing em operação pela Gol. A pasta informou que a publicação foi programada na sexta, antes da decisão do ministro do STF, e, como a rede social saiu do ar, não foi possível desprogramá-la.
O Ministério dos Transportes ressaltou a qualidade das rodovias e explicou que “os agendamentos de conteúdos para o final de semana são uma rotina na comunicação da pasta” e foram anteriores à determinação do STF. Os demais órgãos foram procurados, mas não responderam.
Moraes determinou na sexta a derrubada “imediata, completa e integral” do funcionamento do X. A rede começou a saiu do ar no Brasil de forma gradual e, na tarde deste sábado (31), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que já havia comunicado a todos os provedores de internet grandes, médios e pequenos.
A partir do aviso do órgão, as prestadoras têm até cinco dias para inserir todos os obstáculos tecnológicos para inviabilizar o uso do X e cumprir a ordem judicial, mas, na prática, a rede já havia sido bloqueada pelas principais operadoras.
Julia Chaib/Fernanda Perrin/Folhapress