Domingo, Novembro 24, 2024
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Eduardo Suplicy procura Joesley, da JBS, para apurar “mesada” de R$ 200 mil que ele diz ter dado a Marta Suplicy

Marta Suplicy se refiliou ao PT na semana passada, depois de deixar o partido em 2015 afirmando que ele protagonizara o maior escândalo de corrupção da história recente do país. Ela também apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, que o PT define como “golpe”.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) foi nesta segunda (5) à sede da JBS, em São Paulo, para conversar com o empresário Joesley Batista, da JBS, sobre declarações dele de que deu uma mesada de R$ 200 mil a Marta Suplicy.

O pagamento à então senadora, indicada por Lula para ser vice na chapa de Guilherme Boulos a prefeito neste ano, teria sido feito entre 2015 e 2016.

A revelação foi feita por Joesley em maio de 2017, quando o empresário prestou uma série de depoimentos a procuradores do Ministério Público Federal. Na época, ele tinha firmado acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

“Ela [Marta Suplicy] me pediu se eu pudesse dar uma mensalidade lá para ela. E aí foi pago mensalmente R$ 200 mil, durante um bom período”, relatou Joesley aos procuradores.

O empresário Marcio Toledo, atual marido de Marta, seria o responsável por retirar os recursos em espécie no escritório da JBS, segundo disse Joesley no depoimento.

Suplicy afirma que também conversou recentemente com Marta sobre o assunto. “Ela me disse que não eram verdadeiras as informações dadas por ele [Joesley]”, afirma o parlamentar.

Suplicy, no entanto, afirma que o episódio “deve ainda ser melhor apurado”. Por isso ele procurou Joesley Batista.

“Eu acho que é importante esclarecer. Nada como descobrir a verdade, não é? Uma das coisas que mais são importantes para mim é descobrir a verdade”, segue o petista.

Suplicy trocou mensagens na semana passada com Joesley, que disse que estava voltando de uma viagem ao exterior e se dispôs a receber o parlamentar nesta segunda.

Ao chegar à empresa, no entanto, o petista foi recebido por outra pessoa, o advogado Francisco de Assis e Silva. Ele auxiliou Joesley na delação, em 2017, e é pessoa de absoluta confiança do empresário.

Segundo Suplicy, o advogado afirmou que Joesley não poderia conversar com o petista porque o assunto ainda corre em segredo de Justiça.

“Ele me recebeu muito bem, foi atencioso. Mas disse que essa questão toda está sob sigilo e que o Joesley não poderia portanto conversar comigo a respeito”, segue Suplicy.

Há uma expectativa da empresa, segundo ainda o petista, de que a Justiça decida que não houve qualquer irregularidade no pagamento da mesada.

Marta Suplicy se refiliou ao PT na semana passada, depois de deixar o partido em 2015 afirmando que ele protagonizara o maior escândalo de corrupção da história recente do país.

Ela também apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, que o PT define como “golpe”.

O retorno da ex-prefeita à legenda foi costurado por Lula. O PT vai indicar o vice na chapa de Boulos, e o presidente da República acredita que Marta é o nome ideal para a missão, pela grande popularidade que mantém na periferia de São Paulo.

O depoimento de Joesley, divulgado em vídeo, foi tomado por procuradores no dia 3 de maio de 2017. O anexo da delação se chamava “Marta Suplicy”.

“A Marta, eu conheço ela bem. Nunca teve nenhum ato de ofício com ela. Eu nunca pedi nada para ela e ela nunca pediu nada para mim”, começou Joesley.

“Ela me foi apresentada pelo [ex-ministro da Fazenda] Antônio Palocci na campanha [presidencial] de 2010. Ele estava assessorando a Dilma, e um dia ele disse: ‘A Marta é candidata ao Senado. Ficou sabendo que eu te conheço, pediu se eu não podia apresentá-la’”.

“Ele simplesmente me conectou com ela. Eu fui no escritório dela. Ela pediu R$ 1 milhão de apoio à campanha. Eu disse ‘ok’. E fizemos a contribuição de R$ 1 milhão’”, seguiu o empresário.

A metade, R$ 500 mil, teria sido dada à candidata “em dinheiro”, disse ainda Joesley.

“Eu fiquei amigo da Marta, convivi com ela, com o marido [Márcio Toledo] esse tempo todo”.

Em 2015, “ela ia se candidatar a prefeita. Ela me pediu se eu pudesse dar uma mensalidade lá para ela. E aí foi pago mensalmente R$ 200 mil, durante um bom período”.

“Nós não temos nada a ver com prefeitura”, seguiu Joesley.

Segundo ele, ainda assim houve “muita insistência” dela e do marido, Marcio Toledo, para que ele contribuísse financeiramente. “Até me afastei um pouco dela, do casal”.

“Os 200 mil nós demos pelo fato de ela ser senadora, enfim”.

Os promotores então perguntam quanto tempo durou a mesada. “Foram umas 15 parecelas, um ano e pouco”, respondeu o empresário.

Joesley então afirma: “Até quando nós desistimos. ‘Vamos parar com isso’.”
Ele disse ainda que o marido de Marta, Marcio Toledo, pegava direto com um funcionário da JBS.

Os pocuradores então perguntaram se Marta reclamou quando o pagamento foi suspenso. “Ah, muito”, respondeu Joesley.

“Eu acho que ela acreditava muito que eu ia financiar a campanha dela de prefeita. Mas, enfim, não tinha nenhuma lógica, né?”, finalizou o dono da JBS.

Mônica Bergamo/Folhapress

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