Segunda-feira, Novembro 25, 2024
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Em Riachão do Dantas, Sergipe, vereadores não bebem água e café na Câmara temendo que elas tenham sido envenenadas pelo Presidente

Ele enfrenta processo de cassação do mandato e é acusado de tocar o terror no Poder Legislativo

Riachão do Dantas é uma cidade do sul sergipano, ficando distante 99 KM da capital, Aracaju. Segundo o IBGE, censo 2022, tem 19.853 habitantes. A matéria é do Portal JLPolítica

Sergipe
Portal JLPolítica
Jozailto Lima
Coluna AParte

Pelo muito que se apronta, muito se paga. A materialização desse ditado recaiu esta semana como uma luva sobre a figura do vereador José Robério Rodrigues dos Santos, o Berinho do Mercadinho, PSD, presidente da Câmara Municipal de Riachão do Dantas. 
 
Berinho do Mercadinho tem tirado tanto o sossego dos Poderes Legislativos e Executivo de Riachão que na última quinta, 24, sete dos seus 11 colegas entraram com um pedido de afastamento dele da Presidência, deram-lhe em 15 para que ele apresente a defesa contra uma série de graves acusações de que é alvo.
 
É óbvio como dois mais dois são quatro que o pedido deveria passar e passou – exatamente pelo muito que ele aprontou de negativo. Berinho, segundo oito dos 11 vereadores, virou uma espécie de terror para o Poder Legislativo em si e para cada um individualmente dos que lhe opõem na Casa Legislativa.  
 
O desconforto é tanto que nenhum dos vereadores se sente seguro e à vontade para beber da água servida pelo Poder Legislativo durante as sessões. Eles levam seus próprios vasilhames com o líquido. Outro informe infame que corre solto: Berinho frequentaria as sessões armado, para intimidar os colegas.
 
Berinho do Mercadinho fez um verdadeiro barraco na sessão de quinta-feira à noite, tentando impedir que fosse protocolado na Casa Legislativa o pedido de afastamento dele mesmo. O prédio do Legislativo esteve cercado pela Polícia para evitar gravidade.
 
De acordo com o Regimento Interno da Câmara de Riachão do Dantas, pedido de destituição da Presidência ou da Mesa Diretora pode ser feito diretamente à própria Mesa, sem necessidade de passar previamente pela Secretaria Geral da Casa. Isso está cravado no artigo 183. Mas Berinho se recusou a acatar o pedido, recomendo que ele deveria ser protocolado na Secretaria.
 
Tinha sete assinaturas, porque o vereador Tarcísio Almeida, PT, que é o vice-presidente e que comandará o processo de destituição e ficará depois na Presidência, não pôde assinar. Mas teve direito a voto. 
 
Com pedido protocolado e votado na quinta mesma, estão estabelecidos 15 dias para que Berinho apresente a defesa contra o que lhe acusam – que é de travar pauta, de atrapalhar o andamento e os interesses da Câmara e do Executivo. Mas nesses 15 dias, ele permanece presidente. 
 
Depois, seguramente não mais – são 11 vereadores e o presidente tem o apoio dele mesmo e só de mais dois. Os demais vereadores deram-lhe prazo para defesa apenas pelo respeito ao aspecto ritualístico, mas acham que as condutas dele são indefensáveis.
 
É bom lembrar que essa destituição é do mandato de presidente. O mandato de vereador de Berinho permanece intacto. Mas na Câmara de Riachão tem-se uma grande expectativa de que ele seja cassado pela justiça, na qual foi denunciado no começo desta semana por quebra de decoro parlamentar no episódio de danificação do automóvel de um popular da cidade comandada por ele.
 
Mas de que Berinho acusação é mesmo essa? No dia 4 de agosto, o cidadão de Riachão do Dantas Ivan Souza Santos foi às redes sociais e destilou críticas à figura pública dele enquanto vereador. Coisa da política e sobretudo do saudável interior. 
 
Numa ligação telefônica no mesmo dia, Berinho disse “as do fim”, as do diabo, a Ivan Souza, fazendo-lhe sérias ameaças. Na manhã do dia 5, Ivan Souza encontrou seu veículo pessoal com a pintura devastada por um solvente – um produto químico.
 
Óbvio que na lista de suspeitos, mediante a queixa que Ivan prestou na Polícia, o primeiríssimo a pontuar foi Berinho. E não houve muita dificuldade de se chegar às digitais do vereador, com imagem e tudo.
 
A Polícia Judiciária obteve imagens boas e precisas de uma loja de material de construção de Lagarto onde o solvente é vendido e – pasme! – lá está o Berinho parlamentar em pessoa fazendo a compra que, segundo a Polícia, era para a sua macabra vingança.
 
Por esse crime, a Justiça deve julgá-lo, e a expectativa política em Riachão é a de que ele seja punido com a perda definitiva do mandato. Berinho está no primeiro mandato de vereador e foi o segundo colocado na eleição de 2020, com 801 votos.

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