ASSISTA: “Dez idosos voltaram infectados da Fundação”, lamenta Margarete do Abrigo

Chegou ao fim a saga contra o Covid-19, vivida pela Fundação Casa de Deraldina de Amparo à Velhice, o Lar dos Idosos de Ipiaú, comandada pela vice-prefeita da cidade, que, não por um acaso, é conhecida como Margarete do Abrigo.

Estes são os números finais. Estiveram infectados 65 idosos e 13 funcionários, incluindo, Margarete. Dois idosos perderam a vida, mas já enfrentavam graves comorbidades, como câncer e sérios problemas de alergia respiratória. Todos os outros infectados estão curados.

É o que revela Margarete Chaves dos Santos Oliveira, sobre o seu maior desafio a frente do Lar dos Idosos, desde 1978, quando ele foi fundado por sua mãe de criação, dona Zizinha Nogueira.

Ela falou primeira vez, desde que tudo começou, ontem, 16 de junho, via microfone do Programa Visão da Rede2D, ancorado por Gil Pereira e Nailton Borges.

Portando documentos, ela relata que, em 20 de março, protocolou junto a Secretaria de Saúde do município de Ipiaú, plano de contingência. “Esse plano foi entregue no dia 20 de março, as 15h00 e nunca obtivemos uma resposta. Também foi entregue na Secretaria de Ação Social”, registra a vice-prefeita, agora no PDT.

Ela diz que foram feitas barreiras sanitárias internas e um sistema de rodizio entre os funcionários da instituição, onde cada equipe permanecia por 15 dias consecutivos na instituição. “Vivendo lá por 15 dias. Junto com os internos”, observa.  

Nesta empreitada, ela faz questão render homenagem e gratidão a decisivos colaboradores. “Precisamos preparar uma estrutura para que eles, os funcionários,  ficassem lá confortavelmente por estes 15 dias alternados. Mandamos e-mail para fábrica Doce Mel, Sempre Viva de Ibirataia, a  Atlantic Nickel e para Eduardo Alves Pereira, o Dú, do supermercado o Budegão”, lembra, dizendo que foi prontamente atendido por todos. “Todos ajudaram, inclusive com alimentos, como fez a Igreja Cristã do Brasil, outra grande colaboradora”, registra.  

Na linha da gratidão – soma de esforços
Além dos empresários, Margarete do Abrigo se diz eternamente grata ao médico responsável pela condução do processo de combate ao Covid-19 no Abrigo, o clínico-geral Eduardo Aperibense. E da médica-nefrologista, Lezith Dolores, que atende voluntariamente e com devoção aos idosos da Fundação Casa de Deraldina de Amparo a Velhice.

Cita a educadora e empresária Simone Sampaio Veiga, a Simone do Posto Phoenix. A assistente social Ana Paulo Refosco. O advogado Ricardo Costa. O seu esposo, vereador Pery (PDT). Além de sua filha,  Érica Chaves, que Margarete chama de incansável e que tocou com muita competência a gestão do abrigos e suas tensões, no período ela estava de quarentena.

“Claro, nunca poderia esquecer o trabalho fascinante de todos os funcionários, que não se abateram em nenhum momento”, pontua.

Trama orquestrada – Covid-19
“Nós não temos nada a esconder, transparência e seriedade há 35 anos. Eu não quero acreditar que o ser humano tenha tamanha maldade nos seus corações. Mas a nossa população tem cobrado e eu tenho sido muito questionada nas ruas”, por isso, diz Margarete, começou a revelar que tem muito a lamentar.

Ele conta que no dia 29 de abril, recebeu a notícia que os idosos e funcionários seriam testados. Dia 29, os funcionários; e dia 30, os idosos. Ele diz que se iniciou ai uma era de aterrorização, à medida que os resultados dos testes iam sendo proclamados e se apresentando positivos. “Disseram até que a Dires ia fechar o Abrigo”, recorda-se, referindo-se a 13ª DIRES de Jequié- Divisão Regional de Saúde. “Mas eles viram uma idosa de 100 anos firme e forte, além toda uma população interna muito bem cuidada. Tanto é quase todos resistiram. Os dois que já não estão entre nós, já enfrentavam graves problemas de saúde”, descreve.  

Segundo ela, a divulgação dos resultados chegava primeiro na imprensa e depois no Abrigo. “Existiram radialistas no município torcendo para que todos viessem a óbito. Mas ali é uma prova do  milagre de Deus”, exalta Margarete.

Os 11 da Fundação Hospitalar de Ipiaú
“A senhora prefeita exigiu que os outros 11 idosos, que não estavam infectados, fossem retirados da instituição, para não serem contaminados e assim foi feito”, diz Margarete. Neste tópico, reside a principal queixa da vice-prefeita e cuidadora voluntária de idosos há 42 anos.

Segundo ela, eles foram levados para a Fundação Hospitalar de Ipiaú, mediante testagem. Foram acompanhados de quatro funcionários e lá permaneceram por 20 dias. “Quando saíram, os mesmo radialistas diziam que se não fosse a prefeita, eles teriam morrido. “Se não fosse Deus”, contrapõe Margarete.

Ele conta, indignada e surpreendida, que a refeição servida vinha do Hospital Geral de Ipiaú. “Não era a mesma alimentação que era servida na Instituição. O café era servido em garrafas plásticas de água mineral”, revela, questionando como a alimentação poderia vir da unidade hospitalar que estava enfrentando, exatamente, um foco de disseminação do coronavirus.

Ela diz também que as refeições chegavam em horários inadequados, tipo às 9h00, o café da manhã; e às 13h00, o almoço.

Segundo ela, quando retornaram ao Abrigo, dois estavam com sintoma de gripe e foram isolados. Foi, então, solicitado ao Ministério Público a testagem de todos, no que foi autorizado. Dez apresentaram positivos.

R$ 543 mil para Ipiaú
Ela conta que o deputado federal Antonio Brito (PSD), presidente da Comissão dos Idosos, na Câmara Federal, viabilizou recurso junto ao Ministério do Desenvolvimento Social. Mas estes só vinham através da Secretaria de Ação Social, por isso ele enviou um ofício, para a Prefeitura se cadastrasse e disponibilizou R$ 543 mil que pudessem ser utilizado as instituições que tivesse com problemas com o Covid-19. Veja o teor do comunicado:

Senhora Prefeita boa tarde,
Cumprimentando-a cordialmente, venho em nome do deputado Antonio Brito informar que se encontra disponível para esse município, recursos federais junto ao Ministério da Cidadania / FNAS, na ordem de R$ 543.780,00 (quinhentos e quarenta e três mil, setecentos e oitenta reais), para a execução de ações sócio assistenciais e estruturação da rede SUAS, devido à situação Emergencial que tem como finalidade aumentar a capacidade de resposta do SUAS no atendimento às famílias e aos indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social decorrente do COVID-19.
Para realizar a adesão os gestores da Assistência Social devem acessar o sistema de autenticação e autorização – SAA, utilizando seu CPF e senha, e preencher o termo de aceite, no link abaixo.
Indico ainda a leitura prévia da Portaria nº 369 do Ministério da Cidadania, em anexo, para maiores esclarecimentos: https://aplicacoes.mds.gov.br/snas/termoaceite/emergencia_covid_19/index.php,
Dúvidas poderão ser sandadas diretamente no FNAS pelo telefone (61) 2030-2912
e-mail: gabinete.fnas@cidadania.gov.br

Margarete e o Abrigo
“O Abrigo presta um grande serviço em toda nossa região. Aquela instituição é minha vida. Me sinto honrada em está ali em cada manhã. Você aprende o sentido da vida, o sentido do que é ser uma pessoa de idade”, disse Margarete, em recente post em seus perfis de rede social.

Ele se refere à Fundação Casa Deraldina, fundada em 1978, pelo casal Dona Zizinha e Dr. Nogueira. “Essas pessoas trabalhavam na lavoura do cacau e, quando chegavam à idade avançada, eram dispensadas e ficavam pela rua por não ter onde morar. E, sensibilizada, em 1978, ela fundou o Lar dos Idosos de Ipiaú, como era chamada”, relembra a motivação da abertura do abrigo.

Natural do município de Milagres, elá e filha biológica de Raimundo Borges dos Santos e Francisca Batista Chaves de Andrade. É casada  com Erivaldo Carlos Oliveira Santos (Pery), vereador pelo PDT de Ipiaú. Tem uma filha, Erica Chaves Oliveira, que lhe deu um neto, Joaquim Borges Chaves Oliveira.

Margarete começou no Abrigo ainda adolescente e deu sequência obra de comunhão e caridade. É vice-prefeita de Ipiaú desde 2017 e foi vereadora de 2013 a 2016.

Assista a íntegra da entrevista com ela e veja muito mais:

Rede 2D – Redação