Na Bahia, O PP tem quatro deputados federais, seis deputados estaduais, 92 prefeitos, 52 vice-prefeitos e 766 vereadores.
Juntos e misturados, com direito a juras de amor recíprocas. Assim foi na Bahia, por quase 12 anos, o caso de amor entre PP e PT. Mas feridas se abriram, com direito a humilhação pública. Pelo rádio e pelas declarações do senador Jaques Wagner (PT), o vice-governador João Leão (PP) foi o último a saber que não sentaria por nove meses, como titular, na cadeira de governador do Estado da Bahia.
Com o casamento desfeito, restam mágoas e interrogações, como tipicamente acontece nas rupturas conjugais. Em que colo vão se abrigar os quatro deputados federais, seis deputados estaduais, 92 prefeitos, 52 vice-prefeitos e 766 vereadores do Partido Progressista?
A dúvida é se eles acompanham o Rei Leão e abraçam, além de sua candidatura ao Senado, o nome de ACM Neto para governador. Desse modo, abandonam os postos ocupados nos escalões do Governo da Bahia, abrem mão de todos os frutos do poder e todo cipoal de preferências que só um parlamentar ou prefeito alinhado a governos tem.
Tentam acomodar-se numa posição dúbia e vão de Jerônimo Rodrigues, pré-candidato ao governo pelo PT. E, para o Senado, ficam com Leão. Assim, de modo velado ou assumido. Vale tudo na política.
Ou rebelam-se ao ato de rebeldia do Cacique Leão, ficam onde estão e ele fica sem parte de seus índios. Este é um risco iminente, considerando ser o Partido Progressista dado a uma convivência com o poder. Um malabarista ideológico que apoia o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro (PL) e andou 12 anos com a esquerda na Bahia.
Em fala para o portal Política Livre, o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto tem a seguinte avaliação: “liderando as pesquisas e ao que tudo indica com mais folga após a retirada de Wagner, ACM Neto oferece uma real expectativa de poder estadual que atrai não só o vice-governador, como a bancada de deputados do PP. Por fim, um fator da maior importância: até aqui parece que os deputados do PP avaliam que marchar com ACM Neto seja melhor também a curto prazo, para suas reeleições”.
Demonstração de força de Leão
Por aí. Ontem (14), ainda que precocemente, João Leão deu boa demonstração de força, no ato que formalizou e tornou público o divórcio. Estava lá uma boa leva de parlamentares, como os deputados estaduais Niltinho e Eduardo Salles. E o prefeito de Jequié, Zé Cocá, que também preside a União dos Prefeitos da Bahia – UPB.
Salles, líder do PP na Assembleia Legislativa da Bahia, em sua primeira declaração pós ruptura oficial, assegura que ingressa numa oposição responsável, mas: “Agora, vamos aguardar a nossa liderança, João Leão, determinar conosco qual o caminho nós vamos tomar. Sempre em consenso. Nossas decisões são todas consensuais”,
explicou o deputado, em fala para a imprensa.
Cocá, por sua vez, disse que a sua UPB não vai para oposição, mas: "Leão é um amigo, um pai, Cacá é um irmão. A atitude nossa é ficar juntos. Acredito muito em Cacá, em João Leão e no Progressistas”,
declarou o afetuoso prefeito de Jequié.
Seu apoio a Leão, desde o princípio, foi apontado no partido como uma prova do nível de solidariedade recebido pelo vice-governador, dada a relação próxima do prefeito com o governador Rui Costa, que apoiou sua eleição em Jequié.
São sintomas de que o PP caminha para marchar quase unanimemente unido, com poucas dissidências e evasões.
Mas sentenças em aberto
Dois prefeito já disseram alto lá, fincaram o pé e decidiram permanecer onde foram colocados pelo PP. São eles Naeliton de Itapé e Paulo Rios de Itororó.
Sentenças em aberto, ainda muita água a passar por debaixo da ponte. Como o caso de Ipiaú, onde bajuladores institucionais costumam ocupar os microfones parciais do rádio local para gabar o grau de aproximação da prefeita Maria das Graças Mendonça (PP) com o governador Rui Costa (PT), dizendo ser ele assíduo frequentador da grande casa verde da Fazenda Oceania em Itagibá.
Em Ipiaú, aliados da prefeita, como o vereador Lucas de Vavá (PSD), reconhece ser a administração incapaz de ser tocada apenas com os recursos próprios, sendo completamente dependente das parcerias, repasses e convênios com os governos do Estado e Federal.
Presume-se, neste cenário, que Maria das Graças deve ter posição similar aos seus colegas de Itapé e Itororó e segue sob os mandos do governador Rui Costa (PP).
Mas o PP está na veia de Maria das Graças Mendonça para muito antes de suas gestões na prefeitura de Ipiaú. Recua a seu esposo José Andrade Mendonça, que foi prefeito de Ipiaú de 2001 a 2008, dois mandatos consecutivos.
Mendonça, com direito acaloradas defesas públicas, sempre votou em Mário Negromonte (PP), o pai, quando este disputava e vencia eleições para deputado federal.
Maria, herdeira do espólio eleitoral de José Mendonça, sempre selou seu apoio para odeputado federal em Mário Negromonte Júnior (PP), herdeiro politico do pai, que hoje está conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios – TCM.
Além deste comprometimento, a prefeita ordenou ao grupo que ela comanda, junto com a filha Flávia Mendonça, que dividisse o apoio entre dois deputados estaduais do seu PP: Niltinho e Eduardo Salles, que estavam lá na foto oficial da ruptura do partido com Rui Costa e o PT.
o jogo está apenas começando. O casamento PP/ACM Neto ainda não foi celebrado, mas o noivado vai intenso, logo eles chegam ao altar. Restar saber como ficarão os frutos do amor acabado.
A dúvida é se optam por uma separação por tempo determinado, apostam no favoritismo de ACM Neto, para se reencontrarem por, pelo menos, mais quatro anos, com o Governo da Bahia.
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