O secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, informou que a pasta vai instaurar uma sindicância para apurar o caso do médico que morreu com diagnóstico de coronavírus após ser medicado com uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina. O médico Gilmar Calazans Lima, de 55 anos, veio a óbito na segunda-feira (20), no Hospital Regional da Costa do Cacau (HRCC), em Ilhéus.
De acordo com o titular da pasta, que também é médico, ele obteve a receita com um colega da unidade de saúde e a farmácia local liberou o medicamento. No entanto, o protocolo da Sesab limita o remédio a pacientes internados, o que não era o caso de Lima.
Na manhã dessa terça-feira (21), Vilas-Boas dividiu o caso do colega com seus seguidores do Twitter. O secretário contou que Lima era diabético e hipertenso e estava há quatro dias em tratamento domiciliar, usando a combinação de hidroxicloroquina e azitromicina. Ele já apresentava melhora clínica quando sofreu um mal súbito. “Por ser médico, o paciente conseguiu acesso à hidroxicloroquina e azitromicina, dispensadas com receita médica e vinha em uso domiciliar”, compartilhou (veja aqui).
Essa publicação, que não detalha como Lima conseguiu a medicação, levantou suspeitas de que o médico teria se automedicado, o que vai contra as indicações da categoria. Por conta disso, o Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA) usou as redes sociais para repudiar a atitude de Vilas-Boas. Para a entidade, faltou respeito à memória do falecido.
“De forma intempestiva, sem a menor empatia pelo colega e sem considerar a dor da família, o secretário atingiu a dignidade profissional do Dr. Gilmar ao supor que ele teria desobedecido aos princípios elementares da pesquisa médica, ao se automedicar e fazer uso de Cloroquina”, diz o Sindimed em nota publicada no Instagram na noite de ontem.
Vilas-Boas não respondeu a mensagem publicamente, mas, no mesmo texto em que revelou a abertura da sindicância, ele ressaltou que o caso “não se tratou de automedicação”.
A hidroxicloroquina é foco de polêmica na comunidade médica. Embora o medicamento esteja sendo testado em diversos pacientes, sua eficácia no tratamento da doença ainda não foi comprovada. Entre os efeitos colaterais que ele provoca, estão arritmias cardíacas, o que Vilas-Boas até relacionou com a morte do médico de Ilhéus. Vale ressaltar que o secretário de Saúde do Estado é especialista em cardiologia.
Dessa forma, em meio às discussões sobre o uso ou não do medicamento, o Ministério da Saúde, assim com a Sesab, indica o uso apenas em pacientes com casos graves e sob prescrição médica.
por Ailma Teixeira – Bahia Notícias