Membros do Ministério da Saúde observam com cuidado o risco de o país não ter vacinas para a aplicação da 2ª dose e para a continuidade da campanha, mesmo com as recentes articulações para compra de insumos para produção e de vacinas prontas contra a Covid-19,
Nos debates mais recentes entres os técnicos da pasta está a estratégia de imunizar o maior número de pessoas possível com as doses disponíveis, sem reservar insumo para a aplicação do reforço. Ao todo, o governo quer vacinar 77,2 milhões de brasileiros em um primeiro momento.
Nesse sentido, existe uma dúvida que ainda não tem resposta da ciência: apenas uma dose é capaz de proteger o vacinado contra a doença? O tempo para a aplicação da segunda dose varia entre 28 dias e três meses, a depender do fabricante.
Um ponto é crucial: como a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso das vacinas é emergencial, seguir o protocolo definido pelo órgão regulador é fundamental.
A autarquia recomendou a aplicação de duas doses, obedecendo o tempo determinado pelo fabricante. Além disso, é preciso monitorar e acompanhar se as pessoas perderam a imunidade.
“O governo tem trabalhado para ter vacinas em número suficiente para continuar a campanha como foi planejada, mas essa é realmente uma dúvida que temos. Será possível ter os insumos e as vacinas na ponta em tempo hábil”, questiona um técnico da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde.
Com a escassez de doses, cidades já mudam o planejamento. No Rio de Janeiro, por exemplo, Niterói e São Gonçalo suspenderam a vacinação por falta de vacina.
O Ministério da Saúde cobrou os secretários estaduais da área que sigam as recomendações de público prioritário. No ofício, obtido pelo Metrópoles, a pasta ressalta que o calendário a ser seguido deve priorizar os profissionais da saúde, as populações de maior vulnerabilidade e, no futuro, trabalhadores dos serviços essenciais.
Insumos
Nas últimas semanas, o governo federal confirmou que o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), principal componente farmacológico do imunobiológico, chegou ao país para a produção das vacinas de Oxford/AstraZeneca — pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) — e pelo Instituto Butantan, responsável pelas doses da Coronavac.
Mesmo com a chegada dos produtos, a perspectiva é pessimista. “Existe um prazo para a produção e entrega. Não sabemos se será possível as doses estarem onde elas precisam estar no tempo correto”, explica outra fonte da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.
O técnico ainda afirma. “Optar por vacinar o maior número de pessoas com as vacinas disponíveis foi uma tentativa de gerar maior imunidade. Porém, as recomendações técnicas das vacinas devem ser respeitadas”, conclui.
MInistério
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que tem orientado gestores estaduais sobre a vacinação. A pasta visa alcançar o maior número possível de pessoas vacinadas.
“Recomenda inicialmente a estratégia de vacinação com perda operacional de 5%, conforme cada vacina. Sinovac/Butantan com intervalo de duas a quatro semanas entre as doses — com entrega simultânea das duas doses; e AstraZeneca com um intervalo de oito a 12 semanas entre as doses — posteriormente, será encaminhada segunda dose para completar o esquema com esta vacina”, destaca o texto.
Por meio de ofício, encaminhado em 19 de janeiro, o ministério alertou o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) que é imprescindível que todas as unidades de saúde da Federação cumpram as diretrizes para que o país tenha doses suficiente para imunizar, com as duas doses previstas, este primeiro ciclo da campanha de vacinação.
A Tarde Online