A Justiça aceitou a volta do traficante Adilson Souza Lima, conhecido como “Roceirinho”, para um presídio federal de segurança máxima. Ele é apontado pela Secretaria da Segurança Pública como líder da facção Katiara, que atua em parte de Salvador e em alguns municípios do interior da Bahia. O pedido havia sido feito pelo Ministério Público da Bahia e foi aceito pelo Tribunal de Justiça, conforme publicação no diário do órgão na terça-feira (9/2).
O colegiado de desembargadores da 1ª Turma Julgadora da Primeira Câmara Criminal aceitou por unanimidade a transferência. Segundo os magistrados, Adilson, “mesmo custodiado em cadeia pública estadual de segurança máxima, permaneceu liderando a facção criminosa e cometendo crimes graves, demonstrando sua elevada periculosidade e a ineficácia do sistema prisional baiano para reprimir a contumácia delitiva do apenado”.
Ainda de acordo com o texto, foram apreendidas com “Roceirinho” cartas “contendo ordem para a facção e movimentação do crime, reveladoras que, mesmo custodiado, o agravado continua exercendo seu poder de liderança na organização criminosa”. A data para a viagem de Adilson para um presídio federal não foi informada pela Jutiça, assim como não há informações sobre para qual unidade ele será levado.
Na terça-feira (9/2), reportagem do Aratu On mostrou que a necessidade de transferência foi indicada em relatório da Secretaria de Administração Penitenciária. Segundo a pasta, o traficante ficou custodiado em presídio federal entre 2016 e 2019. A Seap indicou que Adilson continuava, de dentro do sistema prisional baiano, liderando a Katiara. O pedido do MP chegou a ser negado em primeira instância.
GUERRA DO TRÁFICO
A Katiara é radicada no bairro de Valéria, na capital. A localidade convive, desde o final de 2020, com uma briga entre a facção com outro grupo, o Bonde do Maluco. Tiroteios, mortes e confrontos com a Polícia Militar foram registrados. Neste mês de fevereiro, inclusive, cinco pessoas morreram em um intervalo de dois dias. No dia 5, a Secretaria da Segurança Pública anunciou a prisão de um suspeito de cometer quatro dos casos.
No último dia 15 de dezembro, mesmo com casas perfuradas e medo, a Polícia Militar negou, por meio de nota, a existência de troca de tiros no bairro de Valéria. A corporação ainda ressaltou na época que “o comércio encontrava-se aberto”.
Cerca de um mês antes, no dia 23 de novembro, guarnições da PM foram surpreendidas a tiros por homens armados e equipados com coletes balísticos enquanto trafegavam pela região de Nova Brasília de Valéria. Os criminosos estavam a bordo de dois veículos, que entraram na Rua do Sossego, e fugiram por um matagal. Assustados, moradores registraram o tiroteio em vídeos.
Também em novembro, no dia 28, quatro pessoas morreram e uma ficou ferida, durante troca de tiros com policiais militares. Segundo a PM, as equipes estavam em deslocamento, quando se aproximaram para abordar um carro. No momento da abordagem, os cinco passageiros do veículo reagiram e atiraram contra os agentes. Houve troca de tiros, e na ação, os quatro dos suspeitos foram baleados.
JUSTIÇA CONHECE A GUERRA
Investigações da Polícia Civil enviadas à Justiça mostram que houve um “racha” dentro da Katiara enquanto Adilson estava na prisão. Vale ressaltar que ele foi localizado no ano de 2012 e não saiu mais de trás das grades.
De acordo com o documento, “‘Roceirinho’ tinha como gerente Lucas Campos Miranda, associado também a Ubiraci Oliveira, o “Bira”, e ao demais denunciados, colaboradores e traficantes que atuavam como jóqueis”. Outro nome ligado ao chefe da Katiara é o de Eduardo Lemos Pereira, que é conhecido pelos apelidos de “Love” ou “Pitbull”. Segundo as apurações, foi ele quem perdeu o controle da região de Cajazeiras.
“Mesmo na prisão, continuava a exercer a liderança da Katiara no bairro de Cajazeiras, associado ao denunciado Roceirinho. Perdeu a ‘boca de fumo’ em Cajazeiras quando já estava no sistema prisional, após ruptura com o antigo gerente, Lucas, que se aliou a Tiago Souza Sampaio, do BDM”, pontua.
Agora, caso a transferência do chefe da Katiara seja confirmada para presídio federal, a SSP se prepara para possíveis retaliações no bairro de Valéria.
Aratu Online